
Embora não haja nenhuma evidência científica ou histórica que comprove 25 de dezembro como real dia do nascimento de Cristo, a data é adotada pela maioria das religiões cristãs como símbolo do aniversário de Jesus que, segundo os dogmas, nasceu para redimir os pecados da raça humana. Mesmo com diferentes formas de celebrar a festa, diversas religiões buscam maneiras de evidenciar o significado da solenidade e mantê-lo, apesar do Natal ter sido incorporado no rol de datas comerciais.
De acordo com o padre Felipe Cosme Damião Sobrinho, pároco da igreja Nossa Senhora da Candelária, em São Caetano, quem é católico deve ter em mente, durante todo o advento – composto pelos quatro domingos que antecedem o Natal – que o período simboliza uma dupla espera de fé, tanto do nascimento de Jesus, quanto de sua segunda vinda. Para o padre, a troca de presentes, que remonta a importância dos três reis magos que presentearam Jesus, deve ser feita como símbolo de carinho e não apenas como forma de consumir mais. “Há todo um simbolismo muito bonito que tende a ser dessacralizado por uma sociedade que prioriza apenas o comércio”, afirma.
Além da celebração em si, fazem parte da tradição católica do Natal quatro missas, divididas entre véspera, noite – conhecida como Missa do Galo -, aurora e dia de Natal. Existe também a oitava, período que acontece entre o Natal e Ano Novo, que busca lembrar figuras e santos importantes para o catolicismo, como São Estevão, São João Apóstolo Evangelista e Santos Inocentes, que são as crianças assassinadas a mando do Rei Herodes, que temia perder o trono para Cristo.
Para quem é protestante metodista, a preparação para o Natal também faz parte da tradição, com cantatas, pregações e encenações que buscam relembrar a real origem da solenidade. O pastor Daniel Rocha, da Igreja Metodista Central de Santo André (Imesa), reforça o fato de que não importa a data em que se comemora o nascimento de Cristo, mas sim o fato que de ele nasceu. “O que importa para nós é a comemoração da encarnação do verbo, do filho de Deus, que é Jesus”, declara.
Com intuito de espalhar essa mensagem, a Imesa apresenta a cantata Natal Inesquecível, com coral e orquestra, nos dias 21 e 22 de dezembro, às 19h e às 18h, respectivamente. A apresentação é aberta ao público e acontece na sede da igreja, que fica na rua das Figueiras 197, no bairro Jardim, em Santo André.
No espiritismo kardecista, além de ser considerado filho de Deus, Jesus é encarado como guia espiritual e espírito mais evoluído que já passou pela Terra, o que o coloca como uma das figuras centrais da religião. Para o médium Henrique Bottaro, do centro espírita Allan Kardec, em Mauá, é por esse motivo que o Natal tem tanta importância, principalmente por fomentar reflexão sobre o próprio processo evolutivo de cada um. “É nessa época que podemos nos reavaliar como pessoas e ver o nosso processo de evolução. Refletir sobre isso é muito importante”, afirma.
Apesar de não ter ritos específicos de comemoração como em outras religiões, Bottaro conta que, no espiritismo, são priorizadas ações que visem resgate dos valores familiares e acolhimento dos menos favorecidos, como distribuição de ceias para moradores de rua e montagem de sacolinhas de Natal para crianças carentes. “O espírita tem essa questão da caridade muito acentuada e isso nos é caro, especialmente nesta época do ano”, conta.
Por fim, as religiões, embora diferentes, buscam transmitir um sentimento comum que se estende por todo o ano que se aproxima. Para o padre Felipe, a principal mensagem do Natal é que vale a pena ter esperança. “Jesus nos mostra isso como criança, na simplicidade do presépio, na vida como dom maior”, afirma. O pastor Daniel relembra a importância de manter a fé e seguir a Cristo. “Jesus é a luz do mundo e que ilumina a todos que seguem os passos dele”, reforça. E o médium Henrique relembra um dos mandamentos de Jesus para seus discípulos. “Amar ao próximo como Jesus nos amou resume tudo. Quando fazemos isso, passamos por cima de qualquer orgulho, qualquer preconceito”, completa.