
O índice de confiança da Indústria (ICEI) do ABC caiu para 55,7 pontos em novembro (em escala de 0 a 100), diante dos 56,4 apurados em agosto, bem inferior ainda aos 61,5 pontos de fevereiro deste ano. A queda reflete as baixas expectativas sobre a economia brasileira (56,7 em novembro contra 59,4 em agosto) e também em relação às empresas (58,3 e 64,1, respectivamente).
Na visão do coordenador de Estudos do Observatório Econômico da Universidade Metodista de São Paulo, Sandro Maskio, o resultado se deu em função dos efeitos da aprovação da reforma da Previdência, que devem trazer resultados a longo prazo. “Para o período mais imediato, a perspectiva de crescimento depende de ações ativas para impulsionar a economia”, alega.
No entanto, sem as ações, a expectativa em relação ao desempenho da atividade econômica deve cair ainda mais, defende. O professor é responsável pelo recorde trimestral para o ABC do Índice de Confiança, apurado pela CNI (Confederação Nacional das Indústrias) e Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo).
Conforme aponta a 13ª edição do Boletim IndústriaABC, a região tem se ressentido em especial da retração observada na fabricação de veículos automotores, agravada pela crise na Argentina, seu maior parceiro comercial. Enquanto em nível nacional e estadual, a utilização da indústria atingiu 70% e 71% respectivamente, em outubro o ABC ficou em 59%, um dos menores nos últimos dois anos.
Em relação ao trabalho formal, nos 10 primeiros meses do ano, a indústria de transformação perdeu 1.654 postos com carteira assinada na região, frente ao acréscimo de 1.233 vagas em igual período do ano passado. “Como consequência, em setembro e outubro os gestores da indústria regional apontaram redução na intenção de realizar investimentos nos próximos seis meses”, afirma Sandro Maskio.
Essa intenção está em 48 pontos, ou seja, cenário pessimista do ICEI, que vai de 0 a 50 pontos. O nível médio de São Paulo e Brasil está em 55 pontos, dentro de um cenário otimista, que vai de 50 a 100 pontos.
Demanda interna
Diante da avaliação dos 10 primeiros meses, o índice de dispersão apontou redução da perspectiva da indústria do ABC, se comparado ao mesmo período do ano passado. A demanda interna e compra de matéria-prima ficaram em 4,79 e 5,17 pontos, respectivamente na escala até 100.
Sandro Maskio questiona a agenda liberal do governo frente à pequena reação do consumo interno: “A equipe econômica tem concentrado ações sobre condições de oferta orientada pela agenda liberal, para a qual a dinâmica da economia é ditada em especial pela oferta, e não pela demanda”, explica ao indagar se as ações serão suficientes ou eficientes para estimular o setor produtivo se não houver demanda.