
Se depender do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) o Grupo Caoa não terá recursos para a compra da fábrica da Ford de São Bernardo, que fechou há um mês com o encerramento da última linha de produção de caminhões. A expectativa era a de que a compra fosse formalizada em outubro o que não aconteceu. Nesta terça-feira (19/11) o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, o Vagnão, participou de videoconferência com Marcos Rossi Martins, Superintendente de Área Industrial do banco, que informou que a instituição não possui linha de crédito para este fim.
“Eles (banco) tem uma norma de que não podem emprestar dinheiro para a aquisição de plantas, mas para todas as outras coisas, inclusive capital de giro, eles têm. No entanto o superintendente Marcos Rossi disse que o banco está aberto a avaliar o caso como faz com qualquer outro cliente. Pelo que eu entendi, primeiro a Caoa teria que buscar algum recurso próprio para efetivar a compra, depois pode fazer pedidos de aporte ao BNDES”, disse o sindicalista ao RD após a videoconferência. Participaram da conversa diretores do sindicato, o presidente do TID (Instituto Trabalho, Indústria e Desenvolvimento), Rafael Marques, e o coordenador da subseção do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), Luiz Paulo Bresciani.
Apesar da posição do banco de fomento, Vagnão não acredita que a negociação tenha esfriado. “Como sindicalista tenho que ser otimista sempre, por isso imagino que as negociações continuam acontecendo, até porque nenhuma das partes se manifestou ainda dizendo o contrário”, disse o presidente do sindicato que informou ainda que pretende ter uma nova rodada de conversas com as duas partes. “É uma negociação muito grande, que tem contrato de sigilo, mas precisamos entender isso”.
A intenção do sindicato é ter informações para passar para os trabalhadores que perderam o emprego desde o anúncio do fechamento da fábrica que chegou a empregar 2,6 mil trabalhadores no início deste ano. Cerca de 600 vão continuar na parte administrativa da Ford. A ideia era negociar a contratação de 800 destes trabalhadores e reabrir a linha de montagem de caminhões que seriam produzidos pela Caoa, segundo a negociação que foi anunciada oficialmente em no dia 9 de setembro. No dia 29 de outubro o BNDES informou que houve reunião com a Caoa, mas que não havia pedido de empréstimo.
Vagnão disse que ainda não há um estudo sobre o impacto social e econômico do fechamento da fábrica do bairro Taboão. “As fornecedoras de autopeças que temos aqui na região são terceirizadas daquelas que fornecem para a montadora, portanto ainda vai demorar para termos esse diagnóstico; ainda não é possível ver esse impacto”, concluiu. Enquanto a compra não se concretiza e as linhas de montagem estão paradas o sindicato tenta amparar os trabalhadores oferecendo cursos como os de finanças, empreendedorismo, orientação para carreira, entre outros. Todos feitos em parceria com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas) e o Dieese.
Procurada pelo RD, a Ford disse que não iria se pronunciar sobre o assunto. A Caoa não respondeu ao pedido de informações sobre a negociação.