A partir de terça-feira (17/9), qualquer unidade de saúde da Fundação do ABC em Santo André, São Bernardo, São Caetano e Mauá pode paralisar as atividades em protesto ao não cumprimento, por parte da empresa, da Convenção Coletiva de Trabalho de 2019. O acordo estabelece a reposição integral da inflação, de 5,07%, nos salários e benefícios dos trabalhadores em duas parcelas.
A decisão pela greve foi unânime em assembleia realizada na noite de quinta-feira (12/9), na sede do SindSaúde ABC, específica dos trabalhadores em hospitais, UPAs, UBSs e demais equipamentos de saúde geridos pela FUABC. “Na sexta-feira (13/9) enviamos o Aviso de Greve e a partir de terça (17/9) começam a pipocar paralisações, pois ninguém aguenta mais tanto desrespeito aqueles que cuidam da saúde da população”, afirmou o presidente do sindicato, Almir Rogério Mizito.
Com o salão do sindicato lotado, os participantes mostraram indignação durante a assembleia. “Tem gente que não tem dinheiro nem para comprar comida”, disse uma trabalhadora. “Falam tanto em humanização, mas o tratamento que nos dão é desumano; nem para os demitidos pagam os direitos”, completou outra.
Processos
A assembleia teve dois pontos de pauta. No primeiro, os advogados do sindicato deram informações sobre o andamento dos três processos contra a FUABC, referentes aos dissídios coletivos de 2016, 2017 e 2018, em trâmite na Justiça. “Tem também o tempo da própria Justiça e as coisas não fluem como deveriam; por exemplo, o processo de 2017 está mais adiantado que o de 2016”, disse o advogado Túlio Tayano, que acrescenta que os trabalhadores já poderiam ter recebido, já que a causa está ganha. “Mas os cálculos que a empresa apresentou estão incompletos e errados”, conclui.
Após os advogados esclarecerem dúvidas sobre os processos, teve início a discussão do segundo ponto da pauta, que era a Campanha Salarial de 2019, já encerrada para a maior parte da categoria. “Se a Fundação cumprisse o acordo assinado com o sindicato patronal, já teria aplicado os 2,5% nos salários de agosto, referentes à primeira parcela do reajuste, que totaliza 5,07% até outubro”, disse Mizito.
As paralisações podem ocorrer em qualquer unidade gerida pela Fundação do ABC e, por isso, o movimento foi denominado greve pipoca. “Enquanto ficam no jogo de empurra-empurra, dizem que a culpa é da prefeitura e vice-versa, quem está lá, na linha de frente, e atende diretamente a população é ignorado. Vamos mostrar que nós existimos, sim, e vamos lutar por nossos direitos”, concluiu o presidente do sindicato.