A General Motors abriu PDV (Plano de Demissão Voluntária) na fábrica de São Caetano nesta quarta-feira (28). A montadora se limitou a confirmar a informação do plano, sem dar detalhes sobre quantos trabalhadores pretende tirar do quadro. Em março, num esforço para manter a indústria, que havia manifestado o desejo de fechar a unidade, foram oferecidas vantagens como isenção de impostos. Por fim a direção global da GM decidiu ficar e ainda anunciou investimentos. Informações ainda não oficiais, passadas pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, dão conta de que a empresa espera a adesão de pelo menos 100 trabalhadores da parte de engenharia.
Há cinco meses, após grande mobilização, principalmente do poder público municipal e estatual para a manutenção da indústria, a General Motors conquistou, entre IPTU (Imposto Predial e Territorial Urbano) – que a empresa teve isenção total – e o ISS (Imposto Sobre Serviços) – cuja alíquota foi reduzida de 5% para 2%, cerca de R$ 100 milhões. A montadora ainda anunciou investimentos de R$ 10 bilhões em oito anos, além do lançamento de um veículo até o fim do ano, que seria fabricado na unidade.
O RD indagou a montadora sobre o PDV, mas a empresa não informou qual a meta do plano, nem quantos funcionários espera demitir com as vantagens oferecidas. Apenas emitiu uma nota em que confirma o plano. “A General Motors abriu um Plano de Demissão Voluntária (PDV) no dia 28 de agosto de 2019 para algumas áreas funcionais alocadas no Complexo de São Caetano do Sul com o objetivo de ajustar a estrutura às necessidades do negócio. O prazo para adesão ao PDV é até 30 de agosto de 2019”. A reportagem também indagou se o anúncio do plano de demissões significa a descontinuidade do projeto de investimento para a planta de São Caetano, mas a assessoria de imprensa da montadora não se pronunciou sobre o assunto.
O diretor do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Francisco Nunes, disse que a entidade foi comunicada de que o PDV é direcionado aos funcionários da área de engenharia de produto e não vale para a área de produção. “Na produção, inclusive, estamos lutando para contratarem mais pessoal, porque a fábrica está trabalhando a todo vapor. Lutamos, inclusive, para a reabertura do terceiro turno”, diz Nunes.
O sindicalista também não tem informações sobre quantos funcionários a empresa espera desligar com o PDV. “O que se fala pelos corredores é que devem sair entre 100 e 150 pessoas. Estão oferecendo uma vantagem que é um determinado valor dependendo do tempo de carreira do trabalhador na empresa. Para nós não importa de qual setor é, trata-se de um trabalhador, que pode ser um pai de família que fica sem emprego. Estamos pedindo, ao menos, que o processo seja transparente”, completa.
Em nota, a Prefeitura de São Caetano informa que mantém a esperança de investimento na planta. “De acordo com o Programa Municipal de Incentivo à Indústria Automobilística (ProAuto), criado neste ano, todos os benefícios fiscais e tarifários são atrelados aos investimentos das empresas. A Prefeitura mantém a expectativa de retorno de R$ 1,1 bilhão aos cofres municipais, durante o período de vigência do ProAuto, ou seja, nos próximos oito anos”.