
Após a revelação da delação premiada do ex-superintendente administrativo da OAS José Ricardo Nogueira Breghirolli sobre o pagamento de propinas em obras realizadas em São Bernardo durante a gestão do ex-prefeito Luiz Marinho (PT), o vereador Bispo João Batista (Republicanos) protocolou nesta quarta-feira (28), o pedido de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar tais situações noticiadas pelo jornal O Estado de S. Paulo nesta semana.
O pedido foi assinado por 17 dos 28 vereadores e pretende investigar as informações dadas por Breghirolli para a Polícia Federal de que havia um esquema de pagamento de propinas entre R$ 200 mil e R$ 1 milhão para agentes públicos, e que no total foram pagos cerca de R$ 12 milhões durante os anos de 2010 e 2014, período que abrange parte uma série de obras feitas pela empreiteira na cidade, entre elas, o início do piscinão do Paço.
“É um fato que nos preocupa, pois a questão crucial é a seguinte, precisamos saber de fato quem são os agentes públicos que estão envolvidos, principalmente em relação ao piscinão do Paço, obra que ficou paralisada, uma ferida a céu aberto, exposta, prejudicando o trânsito, prejudicando o comércio de São Bernardo por dois anos. Foi abandonada pela administração do PT, do então prefeito Luiz Marinho e retomada após uma minuciosa auditoria solicitada pelo prefeito Orlando Morando (PSDB) e que foi entregue na semana passada. Pensei que a ferida estivesse curada, mas veio essa notícia”, disse João Batista.
A auditoria relatada pelo vereador foi feita pelo IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), em 2017. Após um trabalho de cerca de três meses não houve o apontamento de qualquer irregularidade e a obra seguiu normalmente.
Questionado sobre o pedido de investigação, o vereador Antônio Carlos da Silva (PT) considera que tal questão visa apenas “desgastar a imagem de Marinho”, pois o petista é colocado pela militância da legenda como pré-candidato ao comando do Paço em 2020.
“O que está cheirando é o medo do enfrentamento político no futuro. ‘Vamos lançar a CPI, vamos arrebentar o Marinho’. Eu acho que não tem que ter medo do Marinho, acho que tem que apresentar trabalho. O Marinho fez muitas coisas. Tem gente que fala que o Marinho abandonou as obras, mas não foi isso. Ele iniciou obras de drenagem que ficam debaixo da terra e ninguém vê, e fazer praças é mais fácil de mostrar para a população”, disse o legislador que também criticou o formato das delações feitas nos últimos anos no país.
Próximos passos
Para que a CPI da OAS saia do papel é preciso que uma das duas comissões formadas na Casa tenham seu trabalho encerrado. Atualmente a Câmara de São Bernardo investiga questões sobre o estádio Primeiro de Maio e a despoluição da represa Billings. Ambas têm previsão de findar seus trabalhos em dezembro.
Com a finalização de alguma das CPIs, Batista terá que conseguir 15 assinaturas para um requerimento de urgência para que seu pedido seja analisado pela Casa. Com a aprovação, a investigação começa e terá o prazo de 120 dias para funcionar.