ABC - segunda-feira , 5 de maio de 2025

Nova tabela indicará Fenilalanina em alimentos

Dentro de um ano deve estar disponível no site da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) a nova Tabela de Fenilalanina, que indicará a quantidade dessa substância presente em diversos alimentos. O objetivo é orientar a dieta dos portadores de fenilcetonúria, doença que compromete o metabolismo de proteínas e requer alimentação controlada.

Estima-se que um em cada 10 mil recém-nascidos seja portador de fenilcetonúria. A doença, porém, pode ser diagnosticada com o teste do pezinho.

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A Anvisa apresentou à Justiça Federal, no início do mês, um cronograma para implementação da tabela – em cumprimento a acordo feito com o Ministério Público Federal em uma ação civil pública que exigia a indicação da quantidade de fenilalanina nos rótulos de alimentos.

De acordo com a gerente de produtos especiais da Anvisa, Antonia Aquino, a inclusão dessa informação nos rótulos seria inviável, tanto que “não é feita em nenhuma parte do mundo”. “Foi criado um grupo de trabalho composto por especialistas de universidades, laboratórios e centros de genética e avaliou-se que, como a população de fenilcetonúricos é pequena, seria mais interessante trabalhar diretamente com ela nos centros que fazem o acompanhamento desses pacientes”, explica.

Além de colocar a tabela na internet, a Anvisa vai distribuir versões impressas para esses centros. “Como a tolerância à fenilalanina muda muito entre os pacientes, e em algumas pessoas ela é muito pequena, seria perigoso ter como base somente a informação das embalagens, pois sempre existe variação”, diz. Já a tabela que está sendo desenvolvida vai trabalhar com um fator de segurança. “Se forem feitas, por exemplo, três análises, não vamos usar a média, mas o valor maior.”

A farmacêutica e professora da Universidade de São Paulo (USP), Ursula Maria Lanfer Márquez, que participa do grupo de trabalho da Anvisa e elaborou a primeira Tabela Brasileira de Composição de Alimentos para Fenilcetonúricos (disponível em www fcf.usp.br/fenilcetonuricos), explica que, dependendo da origem da matéria-prima, da forma como ela é plantada, colhida e armazenada, os índices de fenilalanina presentes no alimento variam muito, por isso é impossível copiar tabelas de outros países. “No caso de alimentos industrializados, a quantidade pode variar de um lote para outro, por isso é preciso análise constante. O ideal seria que os fabricantes fornecessem para a Anvisa, com certa freqüência, os teores de seus produtos.”

A gerente da Anvisa explica que ainda está sendo discutido quem deverá fornecer os índices de fenilalanina dos produtos industrializados, mas é certo que a análise dos produtos básicos, como frutas e vegetais, será custeada pela agência e feita por laboratórios conveniados. “Qualquer alimento que tenha mais do que 5% de proteína já está automaticamente descartado, pois não é indicado para fenilcetonúricos.”

De acordo com informações da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), entidade que possui centros especializados para o diagnóstico e tratamento da doença, a fenilcetonúria é um defeito congênito caracterizado pela falta de uma enzima, o que impede o organismo de metabolizar o aminoácido fenilalanina. A substância, presente em todas as proteínas vegetais ou animais, torna-se tóxica quando em excesso e ataca principalmente o cérebro, podendo causar deficiência mental, convulsões, problemas de pele e cabelo e até invalidez permanente. (AE)

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