A integração entre os modais em toda a região metropolitana sempre foi tema em pauta, principalmente no ABC, que busca a integração de todo o transporte. Em entrevista ao canal RDtv, nesta quinta-feira (4), Flaminio Fichmann e Fábio Bordin defenderam a criação de uma autoridade metropolitana para conseguir organizar todo o cenário nas 39 cidades.
“Esse é um dos grandes desafios do projeto. Nós não temos essa cultura ainda estabelecida de integração na prática. Temos um histórico grande de esforços, de mobilização, mas na prática você não tem ainda algo para o gerenciamento do fluxo de tráfego entre uma cidade e outra no ABC”, explicou Bordin.
Em 2018, um grupo de representantes do governo de Turim (Itália) e do consórcio que opera o transporte público na região ressaltou a importância de uma organização entre todos os municípios e os sistemas de transporte. Na época houve um ‘estranhamento’ pela falta de integração tarifária e pelo fato de um mesmo usuário ter de usar três tipos de cartões para se deslocar.
Fichmann contou que participa de um grupo de engenheiros que conversa sobre o tipo de situação e já chegou à conclusão de que é necessário ter por aqui uma autoridade metropolitana de transporte. “Essa é uma grande chance que temos para resolver essa situação. Precisamos de alguém que possa colocar uma ordem nessa bagunça”, completou.
Atualmente cada município cuida do seu sistema de transporte, no caso, formado apenas por ônibus. O governo do Estado é responsável pelo metrô, trens, ônibus intermunicipais e o trólebus (Corredor ABD), e agora terá em mãos o BRT (Bus Rapid Transit). Mas não há uma organização que faça com que todos tenham o mesmo sistema.
Como exemplo, um morador de Diadema acessa um ônibus municipal com o cartão SOU, se quiser acessar o trólebus, terá de ter um cartão BOM, algo que virou uma necessidade após o início da cobrança da baldeação entre os modais que custa R$ 1,10, e a não existência de um bilhete unitário com este valor.
“Temos de ter alguém que possa organizar tudo e que esteja acima dos interesses individuais e partidários. Espero que isso possa acontecer”, comentou Flaminio. Na região existe um plano de conseguir verbas para a criação de um centro de controle operacional para a questão semafórica das cidades filiadas ao Consórcio Intermunicipal Grande ABC.
Sobre a questão tarifária, apesar dos debates, o projeto ainda esbarra em outras situações políticas, dos interesses de empresas e também da própria lei, pois alguns entes da região consideram que, sem legislação para autoridade metropolitana, dificilmente a ideia vai para frente.