
O slime – massa colorida com textura de geleia – está em alta entre as crianças e adolescentes. Apesar de aparentar ser inofensiva, a massa é constituída por uma mistura de compostos químicos, como o borato de sódio – mais conhecido como bórax -, que podem causar danos a quem se junta à brincadeira. Por este motivo, é necessário que sejam tomadas algumas medidas de segurança para brincar sem comprometer a saúde.
De acordo com Nathalie Moschetta Monteiro Gil, pediatra e neurologista infantil do Hospital América, de Mauá, o bórax, utilizado como ativador do slime, pode ser encontrado em fertilizantes, produtos de limpeza e até mesmo em medicamentos. O risco de intoxicação surge na manipulação e ingestão da substância, bem como inalação durante a ativação. “O potencial da toxidade do bórax aumenta conforme são adicionados outros produtos químicos para colorir e texturizar as gelecas”, explica.
Como parte da diversão da brincadeira com slime vem justamente da fabricação, alguns cuidados são necessários neste momento. A produção deve ser feita de maneira segura, com escolha de produtos certificados pela Anvisa, acompanhamento de um adulto e uso de equipamento de proteção individual, como luvas. Além disso, é importante que, após a manipulação e mistura dos ingredientes, as mãos e braços sejam lavados. Ficar atento ao tempo gasto na atividade também é primordial. “O tempo de exposição à substância não pode passar de 30 minutos a 1 hora por dia, tanto na fabricação quanto na brincadeira”, recomenda a especialista.
Em caso de intoxicação pelo slime ou pelo bórax, alguns sintomas como náuseas, vômitos, cólicas abdominais e diarreia podem aparecer. Em casos mais graves a criança pode apresentar, ainda, aspecto azul-arroxeado ou acinzentado na pele e nas mucosas, o que caracteriza a cianose. Nesse caso, pode haver também queda de pressão, perda de consciência e choque cardiovascular, conforme ressalta a pediatra.
A Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária – contraindica o uso do borato de sódio e fornece orientações em caso de intoxicação: não provocar vômito na criança, não oferecer água, leite ou qualquer outro líquido e procurar assistência médica imediatamente.
Alguns jornais internacionais, como The Guardian, além de outros veículos de informação, recentemente fizeram reportagens sobre o slime, com relatos de ocorrências de queimaduras de segundo e até terceiro grau principalmente nas mãos, provocados devido ao tempo prolongado de exposição à brincadeira – em alguns casos todos os dias e durante vários meses. “É fundamental que os pais se atentem para a questão dos efeitos a curto e longo prazo, desde queimaduras a intoxicações gastrointestinais”. Para substituir o ativador do slime, a médica recomenda que os responsáveis optem por outros produtos atóxicos, como gelatina, o amido e o marshmallow. “Por mais que não proporcione a mesma textura, é um slime seguro para todas as crianças”, conclui a especialista.