Menos de 10% das fluorescentes são recicladas

Gomes descarta lâmpadas fluorescentes na Coop Industrial (Foto: Pedro Diogo)

Milhares de lâmpadas fluorescentes, que contêm componentes tóxicos e danosos ao meio ambiente, como mercúrio, são descartadas incorretamente todos os dias, misturadas ao lixo comum. De acordo com o pesquisador Rubens Topal de Carvalho Bastos, menos de 10% do que é comercializado volta para o processo de produção por meio da reciclagem. Bastos apresentou estudo sobre a logística reversa deste tipo material que integra a sexta Carta de Conjuntura da USCS (Universidade Municipal de São Caetano do Sul).

A legislação prevê a obrigatoriedade dos fabricantes em fazer a reciclagem de forma correta destes produtos, mas a falta de informação dos usuários faz com que as lâmpadas acabem em aterros sanitários ou em recicladores não especializados. De acordo com o estudo, o ABC é um grande consumidor de energia elétrica e as lâmpadas são responsáveis por grande parte do consumo. O componente mais perigoso contido nas fluorescentes é o mercúrio. Uma lâmpada de 40 watts contém 20mg da substância, considerada tóxica para o ser humano e animais, além de não se decompor na natureza.

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Na região há pontos de descarte de lâmpadas. São 25 endereços de descarte instalado em lojas pela Reciclus, organização sem fins lucrativos mantida por fabricantes e importadores. Apesar dos pontos para entrega e descarte correto, segundo Bastos, falta informação. “O consumidor descarta incorretamente porque não sabe o que tem dentro das lâmpadas; ele não tem consciência da importância do descarte correto“, diz o doutorando da USCS, que há nove anos pesquisa o tipo de logística reversa. Segundo dados da Reciclus, só em São Bernardo foram coletadas 12,5 toneladas destas lâmpadas somente no ano passado.

O aposentado Antônio Gomes, de 65 anos, foi nesta sexta-feira (8) à Coop Industrial, em Santo André, onde há posto de coleta, depositar três lâmpadas fluorescentes. Consciente dos danos à saúde e ao meio ambiente, diz que há mais de 10 anos procura fazer o descarte correto. “O posto fica há cerca de um quilômetro e meio da minha casa então eu junto e quando venho fazer compras faço o descarte. Tenho trocado por lâmpadas de led, que são mais econômicas e seguras”, afirma. Essa é também a conclusão do pesquisador da USCS ao comentar que essa é uma tecnologia que em sido substituída pela de led, mais econômica.

Mercúrio
Os danos que o mercúrio pode trazer à saúde são vários. Como o material está presente na forma de gás nas lâmpadas, em caso de quebra do vidro o mercúrio é absorvido pelos pulmões e pode chegar ao sistema nervoso e aos rins. Segundo Cristina Vidal, gestora do curso de Farmácia da USCS, a exposição ao componente por longo período é a mais perigosa, porém a eventual inalação também deve ser considerada e inspira cuidados. “A princípio a intoxicação acontece com exposição por longos períodos, mas em caso de quebrar uma lâmpada, por exemplo, é necessário limpar logo os resíduos e descartar adequadamente e arejar o ambiente. Casos de contato por longos períodos com o mercúrio podem resultar em doenças de generativas que afetam o sistema nervoso central, como demência e mal de Parkinson”, explica.

A especialista diz ainda que se deve ter cuidado maior com a exposição acidental no caso de gestantes, crianças de até dois anos de idade, idosos e pessoas com doenças respiratórias crônicas. “Não é situação de urgência, mas no caso de acidente com essas lâmpadas, limpar logo, arejar o ambiente e afastar essas pessoas é uma medida importante”, completa.

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