O Sindicato dos Metalúrgicos do ABC realizou uma nova assembleia com os trabalhadores da Ford, na planta da empresa em São Bernardo, nesta terça-feira (26). Durante o ato, o presidente da entidade sindical, Wagner Santana, o Vagnão, iniciou uma campanha de boicote para que ninguém compre veículos da montadora. Reuniões com a direção mundial da Ford e com o prefeito Orlando Morando (PSDB) foram anunciadas durante a atividade que reuniu cerca de 2 mil pessoas.
“Nós precisamos colocar a sociedade nesta luta, precisamos de muita gente nessa história. Por isso que temos que insistir nessa campanha de boicote. Se a marca (Ford) sentir, com certeza eles vão mudar de ideia. Então ninguém compra carro da Ford até o dia 7 de março”, disse Vagnão.
Segundo dados da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos), a Ford tem quatro modelos entre os 50 mais vendidos: 3º Ford Ka (103.286 unidades); 23º Ford Ka Sedan (39.027 unidades); 24º Ford EcoSport (34.497 unidades); 41º Ford Ranger (20.552 unidades); e 49º Ford Fiesta (14.505 unidades), sendo que apenas este último é produzido em São Bernardo.

Vagnão também confirmou informação adiantada na última semana pelo RD sobre a reunião na sede da montadora, em Michigan, nos Estados Unidos. Ele declarou que a reunião foi marcada para o próximo dia 7. Participam da reunião, além de Vagnão, o diretor do comitê sindical Adalto Oliveira, o Sapinho, e o ex-presidente do sindicato, Rafael Marques. Nesta quarta-feira (27), haverá um encontro com o prefeito Orlando Morando (PSDB).
O fechamento da fábrica, segundo estimativa de Morando, vai gerar também um prejuízo para o município que vai deixar de arrecadar cerca de R$ 18 milhões por ano em impostos. É a quinta maior fonte de impostos do município. Além disso, a expectativa é que 28 mil pessoas percam seu emprego na cadeia produtiva.
Depois do ato na porta da fábrica, cerca de 2 mil metalúrgicos seguiram em passeata em direção ao Paço de São Bernardo. Os manifestantes seguiram pela avenidas Taboão e Senador Vergueiro, que tiveram faixas interditadas, até o Paço. O manifesto foi pacífico e teve acompanhamento pela Polícia Militar, Guarda Civil e agentes de trânsito.
Durante todo o protesto foi relembrada a campanha realizada entre dezembro de 1998 e fevereiro de 1999. “Achavam que não teríamos exito nesta questão em 1998 e 1999, e nós conseguimos manter todos os empregos e investimentos na Ford. Se tiver vontade de todos os lados podemos ter o mesmo resultado, basta que todos possam se posicionar no mesmo lado, o que não dá para admitir é o fechamento desta fábrica e o prejuízo para todos os trabalhadores”, disse Luiz Marinho.
Sem produzir nenhum carro ou caminhão desde o último dia 19, quando a empresa anunciou seu desejo de fechar a fábrica, os trabalhadores devem continuar sem atuar nas linhas de montagem. Segundo Vagnão, os trabalhadores vão comparecer à fábrica nesta quarta, mas devem permanecer de braços cruzados em sinal de protesto.
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