Basta uma olhada nos piscinões da região para perceber que falta manutenção. O ABC possui 24 equipamentos, sendo 19 sob a responsabilidade do governo do Estado, por meio do DAEE (Departamento de Água e Energia Elétrica), 4 são responsabilidade da Prefeitura de Santo André e um da Prefeitura de São Bernardo.
Em novembro, três pessoas morreram em São Bernardo, vítimas de enchentes. Prefeituras e Estado garantem que a manutenção está em dia. Para o professor da Faeng (Faculdade de Engenharia) da Fundação Santo André, Antonio Laércio Perecin, além da manutenção, é preciso repensar as bacias da região para analisar a possibilidade de novos piscinões.
O RD visitou alguns destes reservatórios e a situação mais grave foi encontrada no Piscinão do Paço, em Mauá. Por lá a reportagem encontrou bastante água acumulada, muitos resíduos com formação de ilhas, além de lama, mato e lixo, como pneus, garrafas e pedaços de isopor. O desempregado Paulo Victor Silva, de 24 anos, critica a falta de conservação do lugar. “Tá bem feia a situação aqui, quando o piscinão transborda o problema dura até o dia seguinte, com lama. Atrapalha bastante o trajeto e fica impossível passar por aqui”, diz ao se referir à passarela sobre o reservatório, que é caminho entre o Parque São Vicente e o Centro.
O Piscinão da Faculdade de Medicina, em Santo André, foi o que apresentava a menor quantidade de resíduos, mas dois cavalos pastavam no local durante a visita da reportagem no dia 12. Na Vila Vivaldi, em São Bernardo havia ainda bastante água, mesmo com poucas chuvas nos últimos dias.
Contaminação
Para o professor da Faeng a manutenção tem de ser feita mais pela contaminação da água, que fica retida, do que pela questão da drenagem. “Essa é uma água altamente contaminada e traz ainda problemas, com doenças, como dengue e febre amarela. A questão dos resíduos não afeta muito o funcionamento”, avalia Antonio Laércio Perecin.
O professor considera mais importante a avaliação integrada de toda região metropolitana para avaliar a possibilidade de novos piscinões, sobretudo ao longo do Tamanduateí. “Essa é uma questão extremamente complexa, pois os piscinões são dimensionados para uma situação de chuvas fortes, mas em algumas situações vai inundar”, diz.
Perecin cita o piscinão da Faculdade de Medicina, que suporta bem, mas quando enche em São Bernardo e Mauá, o equipamento foge do controle. Acredito que quando for concluído o piscinão do Paço de São Bernardo, vai resolver aqui também. Um problema sério são as cheias na avenida Industrial, e por isso tem que ser avaliado o curso do Tamanduateí desde a nascente, mas essa é uma questão estadual, porque passa por vários municípios”, resume o professor.
Prefeituras e DAEE dizem manutenção está em dia
Em nota, a Prefeitura São Bernardo informa que os 10 piscinões do Estado foram limpos em dezembro. “A gestão, bem como a zeladoria dos piscinões do governo do Estado, é feita pelo DAEE. O que compete à administração é o envio de ofícios para solicitar a limpeza – 2 vezes por ano, a última feita no último semestre. A limpeza do piscinão e das elevatórias do município foi feita em dezembro. Há uma equipe que fiscaliza periodicamente e solicita as limpezas adicionais quando necessário.
Em São Caetano há dois piscinões, também do Estado, ao longo do Ribeirão dos Meninos, com capacidade para 235 mil m³. Os reservatórios da cidade se encontram às margens do ribeirão, ao longo da avenida Guido Aliberti, com cerca de 57 mil m² de área construída. “O Saesa realiza serviços pontuais de capina nas margens do córrego Ribeirão dos Meninos, como forma de amenizar os impactos das enchentes na região”, informa o Sistema de Água, Esgoto e Saneamento Ambiental.
A Prefeitura de Santo André, responsável por quatro piscinões, diz também que a limpeza é feita regularmente. “O Semasa realiza a capina e a roçada nas margens dos tanques em meses alternados (a última foi em dezembro) e o desassoreamento, isto é, a retirada de lama e resíduos, uma vez por ano (o último foi no segundo semestre), através da contratação de empresa terceirizada que possui pantaneira, equipamento flutuante com capacidade para operar em espaços alagadiços.
Apenas o Piscinão Vila América, pelas suas características, é limpo uma vez por mês e não necessita da pantaneira”, informa o Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André). Os quatro piscinões são: Jardim Bom Pastor (com capacidade de 19,3 mil m³), Vila América (3 mil m³), Santa Terezinha (19 mil m³) e Jardim Irene (19 mil m³). A cidade ainda tem o piscinão da Faculdade de Medicina e Oratório, geridos pelo DAEE. “Santo André conta também com as lagoas do Parque Central, consideradas piscinões naturais, com capacidade para 9,6 mil m³, cuja limpeza também é feita regularmente pelo Semasa”, informa.
Diadema tem dois piscinões, ambos do DAEE, são eles: Piraporinha/Casa Grande e Imigrantes. Ribeirão Pires e Rio Grande não têm piscinões.
Em nota, o DAEE informa que tem contrato vigente com empresa para fazer a manutenção. “O governo do Estado investe R$ 45,1 milhões através da autarquia na limpeza, manutenção e operação de 25 piscinões localizados na Região Metropolitana de São Paulo. O conjunto abrange as bacias do Alto Tamanduateí, Córrego Pirajuçara e Ribeirão Vermelho. O trabalho inclui a remoção de 214 mil m³ de sedimentos depositados no fundo dos piscinões; manutenção de bombas e equipamentos eletromecânicos; remoção de lixo nas grades de entrada e saída dos piscinões; capina de mato na área dos reservatórios e serviço de vigilância e operação de bombas e comportas”.