A quinta-feira (8) foi marcada por almoços que alvoroçam os bastidores. Cada um em sua respectiva proporção e simbolismo.
Em São Paulo, João Doria e Geraldo Alckmin se reuniram no restaurante Piselli, tradicional cantina dos Jardins.
Em São Caetano, José Auricchio Júnior e Pio Mielo se reuniram no restaurante Andiamo, no shopping.
Lá, Doria e Alckmin, que no passado recente eram aliados políticos, se deparavam com um “cardápio” fruto de uma relação política estremecida e pediam ravioli como prato principal.
Aqui, Auricchio e Pio, que no passado eram de campos opostos na política, se deparavam com um “cardápio” fruto de uma relação política fortalecida pela intensa aproximação no último período e pediam spaguetti ao molho tradicional.
Em São Paulo, Doria e Alckmin trataram do futuro do PSDB. Alckmin, antes governador e padrinho político de Doria, agora estava como um quase ex-presidente do tucanato tratando a forma menos impactante de desembarcar da direção nacional diante de um Doria robusto com a vitória ao Governo de São Paulo e principal liderança tucana da atualidade.
Em São Caetano, Auricchio e Pio trataram dos últimos capítulos da pauta Executivo/Legislativo deste ano. Nenhum dos dois admite, mas não há como versar sobre Câmara sem falar da sucessão da presidência quando a contagem regressiva marca 1 mês para a escolha.
Lá, Doria e Alckmin chegaram ao consenso de antecipar para maio a eleição interna do partido.
Aqui, Auricchio e Pio querem oficialmente postergar ao máximo essa discussão. Pio fala que só tratará do tema após esgotar a pauta de projetos do Legislativo. Auricchio confidencia que deixará qualquer gesto de simpatia para os “48” do segundo tempo, com o discurso politicamente correto de respeito à independência dos poderes.
Lá, Doria e Alckmin beberam refrigerante para dar “gás” na relação abalada dos últimos tempos.
Aqui, Auricchio e Pio beberam água – sem gás – para seguir contemporizando os ventos favoráveis entre ambos, mas arrefecendo as tensões de bastidores, que só aumentam com a chegada da escolha do comando da Casa.
Em São Paulo, Doria e Alckmin, saíram do almoço confiando/desconfiando cientes de que a relação política sofreu um desgaste que jamais a deixará novamente intacta. Alckmin – antes governador e nome absoluto do PSDB de São Paulo, agora iminente ex-presidente-, viu Doria – até 2016 empresário bem-sucedido mas sem experiência de urna, agora governador com quase 11 milhões de votos – sair muito “maior” do processo eleitoral.
Em São Caetano, Auricchio e Pio, saíram do almoço confiando/desconfiando cientes de que a relação política vitaminada por bons gestos entre ambos nos últimos tempos depende deles para não ser arranhada. A diferença é que, aqui, um não precisou do outro em nenhum momento para chegar no cargo que chegou.
Mas a relação deles será um dos termômetros para a eleição de 2020 e passará por testes no próximo período. Auricchio poderá, como alguns defendem, trabalhar no bastidor para assegurar a reeleição de Pio na Câmara. Pio, por sua vez, terá a missão de, em breve, votar novamente as contas rejeitadas de 2012 do prefeito. Em 2015, em outro cenário, Pio disse que, como professor, não poderia ir contra um parecer técnico do Tribunal de Contas. Nos dois últimos episódios de pauta negativa do Governo, Pio atuou como bombeiro para apagar o “incêndio” na sessão da Taxa do Lixo e, mais recente, do protesto dos alunos do Ensino Médio.
Os próximos almoços entre Doria e Alckmin deverão ser menos simbólicos e de pauta menos impactante.
Os próximos almoços entre Auricchio e Pio deverão ser mais simbólicos e de pauta mais eletrizante.
Em tempo: Auricchio saiu do almoço com Pio e foi encontrar Alckmin. Chegou até a postar foto com o ex-governador na rede social