O deputado federal eleito com mais de 500 mil votos no primeiro turno, 40 mil destes na região do ABC, Kim Kataguiri (DEM) disse que está articulando um bloco parlamentar com características em comum para a garantir a votação de medidas que considera importante e que também se prepara para participar do processo de eleição para a presidência da Câmara. Ele considera, inclusive, que a sua candidatura é a melhor estruturada até o momento.
Com 22 anos de idade e conhecido nacionalmente por ter sido co-fundador do MBL (Movimento Brasil Livre), Kim falou sobre a sua legitimidade em concorrer à Câmara, já que o presidente do Legislativo precisaria ter 35 anos para assumir a presidência da República em no caso de ausência do presidente e seu vice. “O entendimento do STF é que não há impedimento, eu posso assumir a presidência da Câmara, mas no caso de ausência do presidente e do vice, assumiria o presidente do Senado”, explica. Perguntado sobre o grau de preferência em torno de sua candidatura, Kataguiri, declarou que tem já muitos apoios. “Dada as candidaturas que a gente tem hoje, é difícil dar um número, pois a maior parte delas vai ser aberta depois das eleições. Por enquanto a minha é mais sólida e a que tem o maior apoio parlamentar”, sustenta.
O democrata analisou a formação do Senado e da Câmara, e considera que os novos parlamentares vão comandar as duas casas. “Agora a lógica se inverteu, se antes os parlamentares mais novos precisavam dos mais experientes, agora é o contrário, a maior parte é de gente nova, e são os antigos que vão precisar dos votos dos mais novos, mesmo quem se reelegeu perdeu votos”, calcula. Sobre a disputa dentro do partido com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM) que tentará se reeleger, Kataguiri considera que essa não será uma dificuldade. “A condição para eu entrar no partido foi a de ter liberdade completa de votar como bem entendesse e votar em quem eu quisesse. Tenho completa liberdade até para concorrer contra um cacique, que é o Rodrigo Maia”.
Seguindo a linha que pregava enquanto ativista do MBL, Kim Kataguiri, quer envolver a população nas questões em debate no Congresso, usando as redes sociais. “Mostrar pelos meios oficiais o máximo o que está sendo votado, porque é que está sendo votado e qual a posição dos deputados. Muitas vezes as pessoas não sabem o que está sendo discutido, são contra ou a favor, mas não entendem totalmente a medida. Todo projeto que formos apresentar, faremos vídeo, meme e transmissão ao vivo para ajudar na aprovação dos projetos. Esses seis primeiros meses serão muito importantes e difíceis, com a reforma da previdência. É essencial a população participar disso, pressionando os deputados que ainda se negam a votar de acordo com a opinião popular”.
BLOCO
Kim Kataguiri está organizando um grupo parlamentar para dar sustentação a seus projetos e também apoiá-lo na disputa pelo comando da casa legislativa federal. “O objetivo é aglutinar os que tem pensamentos semelhantes. Eu já conversei com a maior parte dos parlamentares deixando claro que não vou negociar cargo para ninguém. Já temos o DEM, alguns do PSDB, outros do MDB que estão isolados, do Partido Novo e do PSL, esse grupo pode chegar a pelo menos 80 deputados, o que já dá para aprovar projetos de maioria simples”.
Kataguiri garantiu que não pensa em deixar o mandato para, por exemplo, disputar a prefeitura de São Paulo em 2020, e que vai continuar com sua bandeira, defendida durante a campanha de lutar pelo fim da tributação no consumo. “Esse é o imposto mais abusivo, que faz com que o consumidor trabalhe 50% para ele e 50% para o governo. Nosso foco também será a Reforma Previdenciária e cortar gastos na máquina pública. Na minha campanha eu citei o caso dos videogames onde mais de 70% do preço é imposto, isso também inclui a gasolina que tem mais de mais de 50% de imposto e isso influi, em efeito cascata, nos outros produtos”, exemplificou.
POSIÇÕES
Em relação a campanha pela eleição de Jair Bolsonaro (PSL) para quem declarou apoio antes do primeiro turno, Kataguiri, disse que está totalmente engajado e que inclusive irá viajar para o Nordeste, região em que o PT obteve seus melhores resultados para “mostrar o quão ruim o governo petista foi”.
O deputado federal eleito também falou de suas posições sobre questões colocadas durante a eleição. Se disse a favor da extinção da maioridade penal; “o juiz tem que analisar caso a caso, vou tentar estimular que o governo proponha isso, se não tiver sucesso eu vou propor” e também disse ser favorável a liberação da maconha, mas não de outras drogas. Kataguiri também defende a retirada do critério subjetivo para a concessão de porte de arma, posição compartilhada pelo PSL, e se diz favorável à militarização das escolas. “Onde a iniciativa privada não conseguir gerir e nem o poder público, tem que militarizar, porque hoje temos escolas com problemas de segurança em que o professor não consegue dar aula”, finaliza.