Não às propostas rasas e sem compromisso
De um lado, os candidatos que prometem fazer muito, mas não fizeram em suas gestões, do outro alunos das escolas públicas do Estado que ainda tentam aprender como os nossos avós, na lousa de giz. Num cenário em que as crianças nascem já preparadas para as telas sensíveis ao toque, as escolas estão paradas no tempo, desatrativas para as gerações Y e Z.
Frequentadoras de prédios pichados, cheios de grades, que carecem de laboratórios, bibliotecas e professores sem amparo para o preparo das aulas, com salários de chorar.
Os políticos que disputam voto no segundo turno das eleições para governador em São Paulo possuem experiência em administração pública. Um tem vida dedicada à política, outro mescla know-how de empresário com administração da maior metrópole do Brasil. Mesmo com atributos, as propostas para educação expostas em seus planos de governo não demonstram qualquer sinal de que a coisa vai melhorar.
Ao contrário, não firmam compromissos mais pontuais. No segundo turno, indicam que farão isso ou aquilo, que aumentarão vagas e investirão em tecnologia. Teremos de esperar quatro anos para ver se estão certos. Não devia ser assim. O jovem que está hoje no primeiro ano do ensino médio, faixa em que o Ideb (Índice de Desenvolvimento do Ensino Básico) cravou número abaixo da meta, estará às portas de um vestibular ou de saída dos bancos escolares para encarar o mercado de trabalho antes da hora. Quatro anos é demais para definir o futuro de uma geração imediatista e altamente conectada.
Neste cenário, os professores são mais que heróis. Ao assumir várias aulas, se desdobram para ensinar, passar conhecimento,
enfrentar desrespeito e suportar a desvalorização e falta de estrutura. O case do professor de São Bernardo, Mauro Rosa, reconhecido como Professor Nota 10, premiação da Fundação Victor Civita, com mais de 4 mil inscritos, é de herói. Apesar das dificuldades, Rosa atacou de frente um problema nas salas de aula, o preconceito.
A expectativa é grande por um investimento mais do que o protocolar, imposto pela Lei de Responsabilidade Fiscal, na área da educação. O governo federal também pode ajudar a suprir estados e prefeituras. Agora que comemoramos os 30 anos da Constituição Cidadã, devemos fazer valer seu artigo 205: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho”. Que o novo governo venha, de fato, com compromisso para uma educação de verdade.