ABC - terça-feira , 7 de maio de 2024

Paris: marcas opõem expressões de tradições do passado e amanhã tecnológico

Sensação da Semana de Moda de Paris, a passarela imersiva da Balenciaga, com um túnel onde imagens eram projetadas em 360º, traduz, em parte, o mood de toda a temporada do verão 2019, encerrada nesta terça-feira, 2, em Paris.

Criada pelo artista Jon Rafman a pedido de Demna Gvasalia, o diretor criativo da marca, ela é emblemática: materializa uma era em que as telas têm tanta ou mais importância do que o mundo ao nosso redor. E espelha uma corrida da moda de luxo rumo ao futuro, buscando seduzir e dialogar com as novas gerações de consumidores, especialmente millennials e seus sucessores, a geração Z.

Newsletter RD

Durante os 78 desfiles da fashion week de Paris, entretanto, houve polarização. De um lado, uma corrente de estilistas de olho no que está por vir, tentando adivinhar/despertar o que será desejo amanhã (caso da Balenciaga e da Louis Vuitton, principalmente) e, de outro, marcas reforçando suas tradições e códigos, reinventando seu passado com mais ou menos poeira (como fizeram Chanel, Dior, Gucci e Valentino).

Na Balenciaga, além do mise-en-scène dramático, a roupa impressiona. Depois de lançar a onda da logomania irônica e de elevar a moda de rua à categoria de luxo, o georgiano Demna Gvasalia se aprofunda em estudos de modelagem utilizando a tecnologia disponível no mundo a seu favor.

Com uso de impressão 3D, ele investe em uma neoalfaiataria na qual camisas-jaquetas combinadas a calças do mesmo tom e em tecidos superconfortáveis substituem o terno. Entram em cena ainda vestidos e casacos com ombros quadrados, marcados, evocando um quê dos replicantes de Blade Runner.

Com esse mesmo olhar para o futuro, Nicolas Ghesquière transformou o pátio do Museu do Louvre em um labirinto neon para apresentar um verão 2019 da Louis Vuitton de estética sci-fi, voltado ao poder feminino. “Temos discutido tanto sobre o lugar das mulheres e pensei que é natural, como designer, querer dar o máximo de poder a elas”, disse o diretor criativo aos jornalistas. Para isso, ele segue explorando novas fronteiras: matérias-primas como a borracha modelada e jacquard floral metálico, silhuetas intergalácticas, matelassados de astronauta e jaquetas esportivas de mangas bufantes.

Em momentos menos conceituais mostra vestidos casulo com recortes geométricos, uma alfaiataria moderna, além de camisetas e vestidos com estampas de paisagens que sugerem colônias humanas em planetas distantes.

Mais minimalista, a Hermès dispensa locações high-tech e foca num trabalho tecnológico sobre couro, com roupas de cortes precisos feitos a laser, que trazem referências náuticas e à selaria, uma das raízes da grife.

Trilhando um caminho semelhante, alinhavando passado e futuro, a Miu Miu, de Miuccia Prada, trata de “elegância, glamour e alfaiataria”. Só que de forma pouco convencional. Valorizando seu reverso, trabalha o jeans em construções sofisticadas e valoriza imperfeições em vestidos de tafetá de náilon amassado, por exemplo.

A Chanel faz um verão livre e leve, desfilando sua coleção à beira-mar, com direito a areia e ondas na passarela. No guarda-roupa desse balneário há bolsas e bonés de palha, maiôs e biquínis, vestidos esvoaçantes, bermudas de ciclista usadas sob conjuntos de minissaias e casaquetos de tweed.

Outro destaque, a Valentino fez uma celebração à couture, oferecendo looks que iam de vestidos de sonhos (para ocasiões idem) a roupas glamourosas para a vida real.

Receba notícias do ABC diariamente em seu telefone.
Envie a mensagem “receber” via WhatsApp para o número 11 99927-5496.

Compartilhar nas redes