
Quem vem ao Centro de Santo André, mas não se lembrou de reunir aquelas moedinhas que ficam na fruteira, no cofrinho ou em partes diferentes da casa, certamente terá dificuldade para pagar pelo estacionamento na Zona Azul. O desabastecimento de moedas no mercado faz usuários e comerciantes agarrarem com todas as forças os poucos trocados que aparecem. Não é difícil ver pessoas com dinheiro em cédula, procurando trocar para não ser multado.
Em que pese haver outras formas de pagamento, como cartão pré-pago ou aplicativo via celular, muitos usuários preferem mesmo o pagamento em dinheiro e isso ocorre por vários motivos, que vão da falta de familiaridade com dispositivos digitais a desinteresse mesmo, pois muitos não são usuários diários e o uso do aplicativo seria mínimo. Esse é o caso de José Benedicto, cantor que é da cidade de Aparecida e veio a Santo André nesta quarta-feira (29/8) somente para fazer a divulgação do CD do pai, Leon, o Violeiro de Aparecida. “Para mim não interessa instalar o aplicativo, não sei quando voltarei a Santo André de novo”, comentou. O artista disse que andou muito e conseguiu trocar R$ 10 em moedas. “Andei muito mesmo”, disse mostrando orgulhosamente o conjunto de moedas, quase um tesouro.
Na mesma situação estava o autônomo Antônio Rangel, que disse saber da existência de outras formas de pagamento. “Eu sei que tem como pagar por aplicativo , o que seria muito bom mesmo, mais fácil, mas a gente acaba deixando sempre para depois, aí tem que usar as moedas. Ainda bem que lembrei de pegar em casa antes de sair”, disse o usuário que costuma vir ao Centro da cidade pelo menos duas vezes por semana.
Se os usuários enfrentam dificuldades, os comerciantes são ainda mais prejudicados com a falta das moedas, pois sem elas ficam sem ter como fazer troco para os seus clientes. A atendente no restaurante Brows Burger, Joyce Barbosa de Sousa, conta que o comércio toma providências para preservar as poucas moedas na gaveta do caixa. “O cardápio não tem preços quebrados, tudo valor redondo. Quando o cliente vem pagar a gente sempre oferece a opção de pagamento com cartão de débito ou crédito, assim não precisa dar troco”, disse a funcionária que destacou que ainda assim, acontece de ter de deixar o posto para percorrer os comércios vizinhos na rua Álvares de Azevedo, para trocar dinheiro. “Várias vezes deixei o cliente esperando”, comenta.
Na mesma rua, a comerciante Patrícia Correia, da loja Kit Lembra, diz que muita gente entra no estabelecimento pedindo para trocar cédulas por moedas para pagar o estacionamento. “As pessoas acham ruim quando a gente não troca. Eu mesmo tenho que percorrer vários lugares, antes de abrir a loja para conseguir algum troco, senão não tenho como trabalhar”. A comerciante disse ainda que a frequência de passagem dos fiscais da Zona Azul é pequena e por isso os usuários não os encontram para trocar o dinheiro.
Telefone

Segundo a Estapar, empresa que opera o serviço de Zona Azul em Santo André, é possível usar o telefone para chamar o fiscal, que providencia a troca do dinheiro. “Em Santo André, há 236 parquímetros em operação. Em média, são emitidos 12 mil tíquetes por dia e 280 mil por mês. Para realizar o pagamento da Zona Azul, os usuários têm três opções: parquímetros, aplicativo Vaga Inteligente e cartões recarregáveis, que estão disponíveis na Central de Atendimento ao Usuário (rua Gertrudes de Lima, 32) e ainda com os agentes da Estapar. Estes agentes saem diariamente com um montante em moedas, para auxiliar os motoristas. Além disso, em todos os parquímetros, consta o telefone da Central de Atendimento para, se houver necessidade, solicitar um agente para efetuar a troca de cédulas por moedas”, explica a empresa em nota.
Caçador de moedas
Segundo o Banco Central, hoje o mundo vive o problema do entesouramento, a manutenção de grande quantidade de moedas fora de circulação. Só no Brasil, estima-se o volume de 8,7 bilhões sem uso, montante equivalente a R$ 1,4 bilhão escondidos em bolsas e gavetas. Os supermercados da Coop (Cooperativa de Consumo) adotaram uma medida para garantir que não falte troco nos caixas. A rede está utilizando o Cata Moedas, equipamento é capaz de contar 90 moedas por minuto, além de separá-las em compartimentos diferentes de acordo com o valor. Terminada a contagem, a máquina emite um cupom com o valor da soma para que o cooperado ou cliente troque por notas de dinheiro nos caixas.
De acordo com Valéria Marquiotti, coordenadora de Tesouraria, o Cata Moedas está sendo útil justamente para fazer frente à escassez de moedas em circulação. “A falta maior é de moedas de pequenos valores, como 5, 10 e de 25 centavos, mas todas são sempre bem-vindas”, destaca.