A infectologista Elaine Matsuda, que compõe o programa de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST)/AIDS de Santo André, participou da Conferência Internacional de AIDS, realizada em Amsterdã, na Holanda. No encontro, que reuniu pesquisadores de vários países, a médica apresentou o trabalho Infecção Aguda pelo HIV entre Pacientes Recém-diagnosticados em Santo André, realizado em colaboração com o Instituto Adolfo Lutz.
Elaine diz que a participação foi extremamente enriquecedora. “Eu pude conhecer de perto Timothy Brown, o paciente de Berlim que foi o único caso curado do HIV há 11 anos, após um transplante de medula óssea. Conheci também a professora ganhadora do prêmio Nobel de Medicina pela descoberta do vírus HIV, Françoise Barré-Sinoussi. São coisas que com certeza vou levar para o trabalho como médica”, avaliou Matsuda, que atua no Ambulatório de Referência em Moléstias Infecciosas (ARMI), na Vila Guiomar.
Por meio do estudo apresentado na Holanda, a médica traçou perfil dos casos recém-diagnosticados na rede, o que servirá para o direcionamento das ações de prevenção da doença. Foram avaliados 204 casos recém-diagnosticados com infecções pelo HIV entre 2012 e 2017, de um total de 1.337 admitidos no serviço neste período. “Nos chamou a atenção que cerca de metade dos casos possuía marcadores de infecção recente, que tenha ocorrido há menos de 6 meses, e de que 63% dos casos tinham já feito um teste de HIV anterior com resultado negativo. O que reforça a importância do aconselhamento, com orientações de prevenção diante de um caso negativo, para que este continue não infectado pelo HIV”, afirma.
Elaine Matsuda também identificou por meio da pesquisa que os casos mais graves da infecção ocorrem entre homens heterossexuais. “Esse público normalmente não tem o hábito de fazer exames preventivos, então quando são diagnosticados já estão na fase avançada da doença”. O diagnóstico de casos de infecção pelo HIV é o primeiro passo para que o indivíduo seja vinculado ao SUS, receba o tratamento e controle a infecção. Este controle não representa a cura, mas uma supressão do vírus, o qual passa a não ser mais detectado nos exames de sangue, o que implica em qualidade de vida ao indivíduo e interrupção da cadeia de transmissão.
A infectologista possui longo histórico de participações em congressos internacionais. Em 2014, foi um dos responsáveis pelo artigo sobre o caso raro de transmissão do HIV por compartilhamento de instrumentos de manicure, publicado na revista Aids Research and Human Retroviruses e citado em diversos outros trabalhos internacionais. “Estamos no mapa da ciência”, destaca a médica sobre as contribuições nacionais à saúde mundial.