Três palavras podem definir o ano da Câmara de São Bernardo: lixo; Eletropaulo; e domínio. Em ano tranquilo, governistas impõe a maioria e conquista apenas vitórias em votações e realizam duas CPIs (Comissão Parlamentar de Inquérito). Oposição encontra dificuldades. Enquanto isso, a Casa também passou por reforma administrativa em 2017.
Dos 28 vereadores, 20 fazem parte a base aliada do governo do prefeito Orlando Morando (PSDB), mesmo número que tinha o ex-prefeito Luiz Marinho (PT). A diferença ficou no posicionamento, diferente dos últimos quatro anos, o tucano não encontrou problemas com dissidentes ou mesmo com formação de blocos independentes, assim conseguindo “100% de aproveitamento” na votação de seus projetos.
A calmaria existiu até mesmo com a criação de duas CPIs. A primeira foi a o Lixo, instaurada para investigar o contrato de PPP (Parceria Público-Privada) entre a Prefeitura e o Consórcio SBC Valorização de Resíduos Revita e Lara. Instituída para investigar possíveis irregularidades na prestação de serviço, nos bastidores era usada como uma ação para tentar romper o contrato considerado abusivo pelo Governo. No final, o rompimento aconteceu antes mesmo do fim da Comissão que terminou com mais questionamentos do que exatamente com irregularidades encontradas.
Ao mesmo tempo a CPI da Eletropaulo foi também instaurada no Legislativo. Neste caso, a série de reclamações em torno do serviço prestado pela empresa de energia elétrica norteou todas as audiências. A consequência é a promessa de aumento de sua central no município e também a de levar um atendimento móvel para os bairros periféricos, além da tentativa de minimizar a série de reclamações sobre queda de energia “com qualquer vento”, como reclamavam os vereadores.
No bloco oposicionista, o número menor ajudou a minar as forças nos debates. Mas outro fator que influenciou na menor participação oposicionista foi o fato de não acontecer fortes debates. Julinho Fuzari (PPS), tentou emplacar uma série de denúncias, porém acabou minado pela base governista, assim não conseguindo muito êxito durante as sessões ordinárias.
No âmbito administrativo, a Casa teve que agir em torno de resquícios dos últimos anos. O primeiro foi a de realizar uma reforma administrativa com a redução de 11 para dez no número de funcionários por gabinete. Além disso, foi feita uma série de economias que culminaram na devolução de R$ 14,5 milhões para os cofres públicos no final do ano. Além disso, foi feita a adequação da escolaridade exigida para cada cargo, fato que causou uma grande mudança no quadro de funcionários.
O único ponto de polêmica na Câmara de São Bernardo aconteceu no final do ano, após a deflagração de uma investigação do Ministério Público em torno de suspeitas de corrupção na Secretaria de Gestão Ambiental, então gerenciada pelo vereador licenciado Mário de Abreu (PSDB), que acabou pedindo afastamento por 45 dias. A expectativa dentro do Legislativo é de que o tucano não vai retornar ao cargo. Muitos já falam na possibilidade de um processo de cassação caso não exista alteração em relação a situação do tucano.