As projeções de especialistas do setor econômico e até mesmo do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, com afirmação recente sobre melhora nos segmentos industrial, empresarial, de consumo e retomada da confiança no País, acabaram esfriando o mercado novamente e fez com que aumentasse o clima de incertezas, após escândalo político que explodiu no País na semana passada.
É com este cenário que será comemorado o Dia da Indústria, na quinta-feira (25/5). Entretanto, não há muito que comemorar, de acordo com o diretor titular do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp) – Regional Santo André, que também abrange Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, Emanuel José de Viveiros Teixeira, ao afirmar em entrevista ao RDtv, que o setor industrial está estagnado e vive momento de dúvida e angústia muito grande.
Para se ter uma ideia, na região do Grande ABC, em 2016, a indústria de transformação perdeu 15.711 empregos formais, segundo dados do CAGED, mantendo a trajetória de redução de empregos que se observa desde 2012. Atualmente a região registra pouco mais de 233 mil pessoas desempregadas, segundo o SEADE.
Apesar da situação considerada delicada, o Ciesp, até então trabalhava com expectativa de melhora para o setor, entre eles o da cadeia automotiva. No entanto, a avaliação é que o problema político, inevitavelmente acaba afetando a atividade, principalmente no que diz respeito as ações de investimento.
“Com este cenário há um desespero, uma preocupação grande, principalmente nesse embate criado com a expectativa de paralisação das reformas, que são de grande importância para que o País possa retomar o crescimento”, diz Teixeira.
De acordo com a entidade, na década de 90, houve grande volume de empresas industriais que acabaram deixando a região, por conta de um ambiente delicado, com a questão sindical e também pela concorrência com o mercado internacional. Nos últimos três anos, porém, se observa que as empresas instaladas na região passam por dificuldades e estão quebrando.
O diretor também falou que o Ciesp já teve encontros com os prefeitos de Santo André, Paulo Serra (PSDB) e de Mauá, Atila Jacomussi (PSB), mas admitiu que o as ações dos municípios são pontuais, já que não tem poder em relação aos tributos estaduais e federais. Mas neste caso, podem passar expectativa para o empresariado de que as cidades estão receptivas a novos investimentos.
“Temos uma esquina muito interessante aqui, que é o Rodoanel. Mas o custo da área por metro quadrado, comparado a outras cidades, ainda é muito alto e também tem questões de infraestrutura”, afirma Emanuel, acrescentando que atualização da Lei de Uso, Ocupação e Parcelamento do Solo (LUOPS), em Santo André, foi um avanço, mas ainda existem dificuldades com alguns órgãos, caso do Semasa.
Sobre a instalação de um Parque Tecnológico em Santo André, o diretor considera a ação importante e necessária, com benefícios imensos, porém, é necessário que a gestão da iniciativa seja executada pela iniciativa privada.
“Temos dezenas de parques tecnológicos no mundo, que realmente funcionam. Efetivamente tem que partir de uma premissa básica, tem que ter gestão privada. A história mostra que a gestão pública não funciona”, ressalta, e finaliza dizendo que a categoria industrial não tem acesso fácil a crédito e a estrutura tributária é extremamente complexa com questão trabalhista deficitária.