A Defesa Civil de Santo André liberou no início da tarde desta terça-feira (18) a área interditada na Avenida Sapopemba, na Vila Clarice, em Santo André, depois que um vazamento de gás liquefeito de petróleo (GLP) foi estancado e o risco de acúmulo do produto em imóveis foi descartado. A energia elétrica, cortada durante a madrugada, também foi reestabelecida e as famílias puderam voltar as suas residências.
O vazamento de grandes proporções foi detectado na madrugada desta terça, quando uma rede da Transpetro foi rompida na rua Sapopemba, esquina com a Rua Maestro Erlon Chaves, no Jardim Elba, em São Paulo, durante um reparo por equipes da empresa. A tubulação já havia sido danificada durante tentativa de furto de óleo diesel no local, ocorrida horas antes.
Por volta da 1h da manhã, técnicos da Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) começaram a retirar moradores dos imóveis mais próximos do vazamento, por conta do risco de explosão. “Foi um susto, pois não imaginávamos que havia um risco tão grande”, diz o comerciante José Antônio da Silva.
A família de Silva, junto com outras quatro, foram encaminhadas para um hotel de São Caetano – outras quatro seguiram para casa de amigos e parentes. “Eu preferi ficar na casa de um vizinho, pois tenho comércio na localidade. Além do prejuízo por não poder trabalhar, fiquei com medo de possíveis furtos”, diz.
Outro morador, o aposentado Célio Antônio Martins, abriu as portas de sua residência para abrigar os amigos. “Nossa vida parou desde a tarde de ontem. Ficamos sem energia elétrica e com medo de explosão, mas temos que nos ajudar nestes momentos”, afirma.
A liberação do imóvel ocorreu depois que equipes da Defesa Civil de Santo André, Corpo de Bombeiros, Cetesb e Serviço de Saneamento Ambiental de Santo André (Semasa), vistoriaram todos os imóveis que tinham risco de acúmulo de gás.
Com a utilização de um explosimetro – que mede na atmosfera se há risco de explosão -, os técnicos analisaram casas, comércios e galerias de águas pluviais. “Ficamos fechados por cerca de quatro horas. É difícil mensurar os prejuízos, mas certamente não foi pouco”, lamentou o gerente do supermercado Chama, Ronaldo Ferreira da Silva.
Trabalho no local continua
Equipes da Cetesb devem permanecer no local nos próximos dias para analisar quanto há de contaminação no solo e nas águas do córrego. “Este é um trabalho que não tem data para acabar, temos que analisar o que foi danificado e como recuperar”, diz o gerente do setor de atendimento à emergência da Cetesb, Jorge Luiz Nóbrega Gouveia.
Por meio de nota, a Transpetro informou que “o local continua isolado para a conclusão dos reparos. Equipes trabalham para esvaziar o duto, que está sendo feito por meio de bombeamento de água. Em seguida, será feito o reparo”.
Ainda de acordo com a nota, “Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e a equipe de contingência da Transpetro permanecem no local tomando todas as medidas necessárias para garantir a segurança da população”.
Primeira ocorrência de furto de combustíveis de Santo André
De acordo com o delegado titular da Delegacia de Investigações sobre Infrações contra o Meio Ambiente (DICMA), Márcio Antônio Pereira Macedo, trata-se do primeiro caso registrado de furto de combustíveis em Santo André.
O delegado explicou que há pouco mais de um mês os ladrões alugaram um galpão no bairro e iniciaram as escavações de um buraco, que chegou a 10 metros de profundidade, para ter acesso aos dutos da Transpetro e furtar o óleo diesel. “Não é algo feito por amadores. Há muita pressão para ser contida nesses dutos e foram utilizados materiais profissionais”, diz.
A área pertence ao advogado Éden Teixeira Paulo, tio do vereador André Scarpino (PSDB), de Santo André. Em entrevista ao RDtv, Éden conta que não houve suspeitas no momento da locação. “Tenho todos os documentos registrados em cartório. A ação foi realizada por uma quadrilha bem organizada”, diz .
No galpão, além de muita terra removida, havia restos de comida, duas camas e uma parede feita com tapumes para dificultar a visão do que estava ocorrendo na parte de trás do imóvel, onde o buraco estava sendo escavado durante 24 horas.
Além disso, o Macedo explica que há casos semelhantes em Guarulhos e que agora os policiais irão ouvir o proprietário do imóvel, que teria tido contato via celular e pessoalmente com os inquilinos. “Isso nos ajudará nesse início de investigação”, afirma.