A disputa entre o Clube Atlético Diadema (CAD) e o Esporte Clube Água Santa extrapolou o campo esportivo e chegou à área política. Um projeto de lei que mantém a concessão do Estádio Taperinha para o CAD desagradou a bancada de vereadores ligados ao Netuno. Pretinho do Água Santa (DEM) quer que o prefeito Lauro Michels (PV) cumpra o acordo firmado há cinco anos e “acabe” com o clube rival.
A concessão do Estádio Taperinha para o CAD acaba no final do ano e a Prefeitura enviou o projeto de lei para uma renovação de cinco anos. Na proposta, o Executivo permite também que o clube comande parte das escolinhas municipais de futebol – atualmente organizadas pelo Água Santa. Além disso, o time ficaria responsável por reformar o local e pleitear ser uma das sedes da Copa São Paulo de Futebol Júnior.
Para o vereador Pretinho do Água Santa – que também faz parte da diretoria do Netuno, a proposta é uma “birra política” de Michels que está rachado politicamente com o grupo formado por legisladores do PPS e DEM. “O nosso grupo está focado e se ele quer nos quebrar, ele vai quebrar a cara, pois estamos unidos e o projeto não vai passar”, afirmou.
O parlamentar também revelou que existe um acordo com o chefe do Executivo, acertado em 2012, ano da primeira campanha do verde a prefeito, para que o CAD não recebesse apoio da Prefeitura e assim ter de ir para outro município. “Eu não sei por que a conversa dele (Michels) está fazendo curva”, disse o democrata.
Líder do bloco de oposição, Josa Queiroz (PT) questiona os interesses no projeto. “Este projeto é polêmico do ponto de vista de saber o que está por trás dele. Quais são os objetivos? Quais são os interesses? O centro do debate da nossa bancada do PT é isso e vamos nos ater apenas a essa discussão. Se esse projeto traz algum interesse para a população de Diadema ou um projeto que está defendendo o interesse de A, B ou C”, afirmou.
Outro lado
Procurado pelo RD, o presidente do CAD, Jackson Carvalho, afirmou que não entende os motivos para a polêmica em torno da proposta. Considera que o clube está oferecendo um “bom plano” para o município. “Estamos trazendo investimento que vai beneficiar não só o CAD, mas também a área esportiva, o lado social e também a questão da economia. O investidor vai trazer muitos empregos para a cidade”, disse.
O investidor citado é o Grupo Sonda. A ideia é que a rede de Supermercados patrocine o clube..O investimento seria dividido em três partes. Na área esportiva, além do futebol, seriam feitos investimentos em outras modalidades, como o atletismo e o handebol. Além disso, seriam investidos R$ 4 milhões para a reforma do Estádio Taperinha. Com isso, seria proposto uma nova concessão por 20 anos, como acontece em relação ao Estádio do Inamar, concedido para o Água Santa por 25 anos.
Na área social, o clube pretende investir nas escolinhas de futebol da Prefeitura. “Nós queremos dividir isso com o Água Santa, cada um cuidaria de 50%”, explicou Carvalho. E na área econômica, uma unidade do Sonda seria instalada no município, porém tudo isso depende da aprovação da matéria na Câmara. Ainda não existe uma data para a votação que está tramitando nas comissões da Casa.
“Não somos um clube do PT ou de outro partido como falam. Somos um clube da cidade, queremos ajudar Diadema. Agora os vereadores têm que ver se querem o interesse da cidade ou querem ver os próprios interesses”, concluiu o presidente do CAD.
Briga política
A rivalidade entre Água Santa e CAD também envolve uma rivalidade política entre PT e PV. A concessão do Estádio Taperinha para o Imperador foi dado em 2010, ainda na gestão de Mário Reali (PT). Em 2012, logo após ser derrotado por Michels na eleição, o petista renovou com antecipação a proposta por mais cinco anos. O fato fez com que o Diadema fosse considerado um clube aliado do PT.
Apoiador de Michels nas duas eleições (2012 e 2016), o Água Santa ganhou muita força política no município. Atualmente, cinco vereadores são aliados diretos do clube e foram ajudados pelos seus torcedores durante o pleito eleitoral do ano passado. Inclusive o presidente do Netuno, Paulo Sirqueira, participa ativamente das reuniões políticas do grupo. Uma das reuniões culminou no racha do grupo com o prefeito diademense.