
No dia 23 de março do mês passado, a Polícia Militar prendeu por engano o jovem Douglas Wallacy Ricardo, de 23 anos, por ele supostamente ter participado de um assalto na esquina da rua Cotoxó com a avenida Firestone, em Santo André. A acusação já foi desmentida pela própria vítima do crime, que num primeiro momento havia reconhecido Douglas como um dos responsáveis. Preso há 28 dias, o jovem ainda não foi liberado.
Segundo relatos da publicitária e irmã de Douglas, Tabata Penteado de Souza, 31, a voz de prisão foi dada na madrugada do dia 22 para o dia 23 de março, por volta das 2h, por suspeita de envolvimento do jovem em um assalto que ocorreu no dia 22, entre 20h e 21h. “O que piora é que hoje (20) é o aniversário dele, que ainda está na cadeia”, afirma a publicitária.
Após ouvir declarações da vítima e de testemunhas, oficiais da polícia foram até casa de Douglas e questionaram a que horas ele havia saído com o carro no dia 22, já que o veículo teria sido visto durante o assalto.
Mas de acordo com as imagens do circuito interno do prédio onde mora, o automóvel não saiu de casa desde 15h30, horário em que Douglas chegou do trabalho. O veículo até chega a aparecer no horário mencionado, só que na verdade foi no dia anterior à ocorrência.
Durante a visita dos policiais não foi encontrado nenhum pertence da vítima e o acusado negou envolvimento com o crime. Mesmo assim, ele foi encaminhado para o 1º DP de Santo André para prestar esclarecimentos e, no local, os policiais disseram que ele foi reconhecido pela vítima e por isso foi preso. “Isso aconteceu porque meu irmão é negro. Se ele fosse branco e de olhos azuis eu duvido que ele seria levado”, lamenta Tabata.
Ao se passarem 20 dias, a vítima compareceu até o DP e retirou as acusações contra Douglas após refletir com mais calma sobre o ocorrido e não ter condições de identificá-lo com certeza pelas características físicas. Além da fisionomia, outra evidência utilizada foram as imagens das câmeras de uma vizinha, que mostram que o veículo de Douglas, um Fox vermelho, não foi utilizado no assalto. O modelo do automóvel era um Gol de cor escura. O advogado de defesa de Ricardo, Robson de Oliveira Pereira, fez requerimentos de liberdade provisória, mas todos eles foram recusados pelo juiz.
A reportagem entrou em contato com o 1º DP de Santo André e, de acordo com o escrivão-chefe Flávio Oliveira Alves, o processo não está mais sob a alçada da polícia. Conforme a lei diz, sempre que um boletim de ocorrência é feito em flagrante o delegado precisa abrir um processo em até 10 dias. Como a declaração da vítima foi feita depois desse período, Alves explica que o julgamento precisa terminar para que Douglas seja liberado.