ABC registra quatro mortes por gripe H1N1

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Louise Fabri, do Lab Hormon, afirma que a procura por vacina é grande. (Foto: Pedro Diogo)

No primeiro trimestre deste ano, a região registrou quatro mortes em decorrência da gripe H1N1. De acordo com o Consórcio Intermunicipal Grande ABC, até o dia 12 de abril foram 20 casos confirmados e 313 suspeitas notificadas. Estes números têm como base os relatórios enviados pelas sete prefeituras da região. Das quatro mortes, duas ocorreram em Santo André, que tem seis casos confirmados e 146 suspeitos. As vítimas eram do sexo masculino, estavam internadas na rede pública e tinham 64 e 51 anos. São Bernardo tem sete casos confirmados – um resultou em morte – e 88 suspeitos. Mauá registra até o momento duas confirmações, 34 suspeitas e uma morte. São Caetano tem três confirmações e outros 19 em análise. Ribeirão Pires, até o momento, conta com 23 suspeitas e uma confirmação, enquanto Rio Grande da Serra ainda não tem registros.

O número de casos considerado alto fez o Consórcio Intermunicipal Grande ABC agir e criar uma Sala de Situação para acompanhar com mais atenção o aumento das notificações de Gripe A (H1N1). A ideia é planejar ações regionais para conscientizar as pessoas e combater o surto, assim como planejar a rede de saúde.

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Homero Nepomuceno Duarte, coordenador do Grupo de Trabalho (GT) Saúde do Consórcio e secretário de Saúde de Santo André, afirma que cada município prepara um plano de contingência próprio para controle dos casos e atendimento dos pacientes mais graves, em que há necessidade de internação e leitos de UTI. “O que será discutido regionalmente é uma campanha de esclarecimento, a melhoria das retaguardas de UTI e, eventualmente, de reforço no sentido de socorrer situações emergenciais de assistência. Hoje, todas as cidades têm uma dificuldade na rede atual de atendimento, o que será monitorado para auxiliar na solução desses problemas”, destaca.

Vacina

Por conta do aumento de casos de gripe H1N1 confirmados a procura por vacinas nas clínicas e laboratórios da região fez o produto desaparecer. O Lab Hormon, que tem foco na área de análises clínicas, começou abril com cerca de 1,2 mil nomes na fila de espera. O laboratório registrou aumento de 50% na procura de vacinas contra gripe em relação ao ano passado.

Por mês, normalmente são feitas 500 aplicações. Em 29 de março, o laboratório recebeu 300 doses que acabaram no mesmo dia. “O telefone não para de tocar, quando a gente chega para abrir a porta já tem gente esperando, se soubéssemos que haveria tanta procura teríamos nos planejado melhor porque vacinação exige orientação ao paciente”, lamenta a biomédica Louise Fabri. A vacina custava R$ 88 no Lab Hormon, mas segundo Louise, os laboratórios avisaram que a próxima leva vem com uns 12% de aumento. No dia 15 de abril, quem ligava ouvia uma mensagem eletrônica com informação de que não havia vacinas nem previsão de fornecimento.

Na Pró Saúde, em São Bernardo, a lista de espera conta com mais de 800 nomes. “Tem gente que quer até pagar adiantado para garantir a vacina”, afirma o pediatra Carlos Alberto Martins Francisco, diretor técnico, que esperava no começo do mês receber 600 doses da tetravalente dos dois laboratórios. A clínica chega a receber mais de 300 ligações telefônicas durante o dia de pessoas interessadas na vacina contra o vírus H1N1. “Congestionaram nossos telefones, o pior é não poder atender”, comenta o médico. A informação sobre a falta do produto na clínica continua. Dia 18, uma mensagem foi colocada com destaque no site do estabelecimento, que avisa não haver previsão de chegada da vacina.

Senhas

Na rede Delboni Auriemo de Medicina Diagnóstica, as vacinas tetravalentes acabaram. Os consultórios aguardam recebimento de lote com 50 mil doses e, enquanto isso, a população faz filas enormes para conseguir senha e garantir o produto. Quem telefona ouve uma mensagem de que o produto está em falta. Segundo a infectologista Lígia Pierrotti, responsável por todas as unidades do laboratório, a estimativa é que cada dose da vacina sai por R$ 120. O otorrinolaringologista Mario Luis Buschinelli Dellavanzi, da Clínica Médica Ana Rosa, afirma que a população está bastante preocupada. O médico cita o caso de duas mães que levaram os filhos para consulta porque um amigo de sala de aula foi diagnosticado com H1N1. “Elas queriam saber como proceder com as crianças. Meu conselho é aplicar a vacina”, diz. Segundo Dellavanzi, casos assim se tornaram comuns e há aqueles que solicitam carta para ser enviada ao Sistema Único de Saúde (SUS), indicando que, apesar de estarem fora da faixa estária, pertencem ao grupo de risco que precisa da vacina. No dia 15 de abril a reportagem entrou em contato com a clínica que informou ter doses tetravalentes disponíveis por R$ 120.

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