
A sexualidade é um aspecto fundamental do ser humano, sendo compreendida pela forma pela qual a pessoa expressa e recebe afeto, prazer, sensação de amar e ser amado, no entanto muitas vezes é reduzida apenas ao ato sexual. Entende-se que a saúde sexual é parte integrante da saúde global, sendo este um direito humano fundamental. Neste contexto, a saúde sexual é importante para as relações humanas e bem estar do indivíduo nos aspectos físico e emocional. Porém, ao longo da vida, ela sofre influências positivas ou negativas de aspectos físicos, emocionais, sociais, econômicos, culturais e espirituais.
Assim, durante a vida sexual da mulher, podem ocorrer alguns problemas em relação ao exercício de sua sexualidade. Neste cenário, surge o termo disfunção sexual feminina que diz respeito a uma variedade de condições clínicas caracterizadas por alteração percebida na excitação sexual (libido), deficiência percebida no desejo sexual, incapacidade de alcançar o prazer, dor durante a relação sexual e na diminuição da lubrificação vaginal.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as disfunções sexuais femininas afetam em curto ou longo prazo, a vida social, psicológica, doméstica, ocupacional e física das mulheres e de seus companheiros. E estima-se que de 40% a 45% das mulheres apresentem alguma disfunção sexual, em que as causas são muito complexas e incluem o estado geral de saúde, portanto doenças cardiovasculares, geniturinárias, desordem psicológica e psiquiátrica, dificultam o exercício sexual. Além disso, os relacionamentos conflituosos e condições sociodemográficas desfavoráveis têm impacto significante na função sexual. Outro dado é que existe um aumento significativo das queixas sexuais relacionadas com as disfunções sexuais femininas, nas fases de pré e pós-menopausa em virtude das alterações dos níveis hormonais. Alguns medicamentos e disfunções sexuais do parceiro também contribuem para as queixas femininas.
Existem várias modalidades de tratamento, porém grande parcela das mulheres não busca ajuda médica, por vergonha, ou mesmo frustração. Além disso, uma pequena parcela dos ginecologistas questiona sobre a função sexual de suas pacientes. Em relação aos tratamentos, existem medicamentos específicos, psicoterapia e fisioterapia.
A fisioterapia ginecológica possui vários recursos, um deles é uma série de exercícios perineais que aumentam a conscientização e força da musculatura da região perineal, com objetivo de melhorar a função sexual e incontinência urinária. Já a psicoterapia focada na sexualidade, conhecida como terapia sexual, irá trabalhar comportamentos mais adequados no caminho da melhora da disfunção sexual apresentada. Isso tente a proporcionar à mulher autoconhecimento acerca do seu corpo e suas sensações, alterando o ciclo muitas vezes negativo que se forma em torno da sexualidade feminina, pensamento, sentimento e atitudes.
O fundamental é que seja trabalhado o empoderamento da mulher para que essa consiga lidar com suas dificuldades sexuais de forma eficiente, buscando o melhor caminho para uma vida sexual satisfatória e com isso uma melhor qualidade de vida e de relacionamento.
No sentido de contribuir com a saúde da mulher, a Clínica de Fisioterapia da USCS atende a mulheres em recuperação pós-mastectomia, com casos de incontinência urinária e outros tratamentos que possam contribuir com a manutenção e recuperação da sua saúde.
Juliana Ap. Boaretto – Fisioterapeuta e professora do curso de Fisioterapia da USCS.
Regiane Garcia Rodrigues – Psicóloga, sexóloga, professora de História/Filosofia/Sociologia e autora do blog (cinemaevida.wordpress.com)