Para escrever Meu pé de alecrim deu fulô, o escritor, professor de Administração da Universidade de São Caetano do Sul (USCS) e vice-presidente da Agência de Desenvolvimento Grande ABC, Joaquim Celso Freire, disse que incorporou o personagem principal da estória, José Silva, que aos 90 anos de idade sente desejos por uma mulher jovem e tentadora, Laura, sua cuidadora. A incorporação possibilitou ao autor sentir – e passar para o leitor – os dilemas vividos por um homem casado, de idade avançada e que guarda no peito uma paixão proibida. A obra será lançada na próxima quarta-feira, dia 24 de fevereiro, às 18h, no Centro Cultural Alpharrabio (Rua Eduardo Monteiro, 151, Santo André).
Freire tem 64 anos e sua criatividade para detalhar os sentimentos de um nonagenário está diretamente ligada às amizades que cultivou com pessoas idosas. O escritor, nascido no ano de 1952 em Coronel Murta, na região do Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais, diz que sempre gostou de ouvir histórias contadas pelos mais velhos. “Eu sou de uma família em que as pessoas vivem muito e gostam de contar histórias. Para escrever esqueci um pouco de mim e tentei incorporar o personagem. Essa capacidade vem da minha vivência”, explica.
Meu pé de alecrim deu fulô é a continuação de duas obras anteriores escritas por Freire em que o mesmo José Silva era protagonista. Na primeira obra “Um Silva de A a Z”, lançada em 2007, o personagem, que estava perto de completar 90 anos, narrava os acontecimentos e a experiência de sua vida. Um homem que havia saído da roça, trabalhado em fábrica, aprendido, mesmo sem ter frequentado escola, a ler autores como o filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard e que vive com sua esposa em uma casa de campo.
Em 2012 Freire lançou “O rio das minhas manhãs” em que o protagonista continua a narrativa de sua vida, porém, foca nos acontecimentos relacionados à infância e adolescência. Em um certo trecho deste livro, Silva fala de seu interesse sobre a cuidadora, mas tal sentimento não atinge dimensão que pudesse gerar conflitos internos.
Essa paixão por Laura ressurge com intensidade em Meu pé de alecrim deu fulô. Desta vez, a narrativa não é sobre sua vida passada, mas sobre o momento atual, o conflito existente entre ter uma esposa e estar apaixonado por outra mais jovem. O personagem, então, narra seus sonhos e planos oriundos dessa tentação e faz suas reflexões sobre a situação. Toda a história acontece em dois dias.
O personagem construído por Freire, além de paixões, também tem um apurado senso crítico e político sobre a sociedade. Por meio dele, o escritor procura passar ao leitor a ideia de que a idade envelhe o corpo, mas não deve envelhecer a alma. “O livro mostra que a idade não nos deve separar da beleza que é o mundo”, comenta.
Obra:
Meu pé de alecrim deu fulô
Autor: Joaquim Celso Freire
Ficção / Roance
96 páginas
Alpharrabio Edições
R$ 30