Moradores de Mauá continuam a sofrer com cortes no abastecimento de água implementados pela Sama (Saneamento de Mauá) em função da crise hídrica. Comerciantes têm dificuldades para manter seus estabelecimentos em funcionamento e há moradores que aproveitam a água da chuva coletada até para tomar banho.
Proprietário da Panificadora Belmiro, no Jardim Salgueiro, Edmilson Belmiro reclama dos cortes diários no abastecimento. “A água chega de madrugada, mas por volta das 8h começa a perder pressão até a torneira secar”, relata. Belmiro explica que tem duas caixas d’água de 500 litros cada. Uma é exclusiva da padaria e outra é para sua residência que fica em cima do estabelecimento.
Quando falta água na padaria ele pega da casa com o auxílio de baldes, mas já ocorreu de ficar sem água alguma. “Já tive de fechar o estabelecimento porque não havia como lavar copos”, afirma.
Banho
Moradores da rua Luiz Scarpini, no Jardim Zaíra 5, também reclamam. A dona de casa Maria da Paz Batista Alves, disse que é comum ficar mais de um dia sem água. “Já chegamos a ficar oito dias sem abastecimento. Quando chove, a gente enche tambores e depois usa a água coletada para lavar louça, jogar no banheiro e até para tomar banho”.
Situação curiosa acontece na rua Compositor Valdir de Azevedo, no Jardim Flórida. Residente no número 184 da via, o aposentado José Norberto diz que é comum faltar água em uma parte da rua enquanto a outra parte não sofre com desabastecimento. “Em minha residência falta sempre. Ontem (na terça-feira, dia 9) a água chegou à torneira às 6h, mas às 10h já tinha acabado”.
Norberto estava ao lado do também aposentado Manoel Miranda, residente no número 187 da mesma rua. “Aqui em casa não tem tanto problema. É que essa rua é abastecida por duas redes diferentes. Uma dá problema constante a outra não”, garante.
Melhoria
Marlene Caparroz da Silva, proprietária de uma mercearia no Jardim Salgueiro, confirma que falta água todos os dias, mas como a pressão tem sido forte o suficiente para encher a caixa de mil litros, ela diz que nos últimos meses não tem sentido muito o problema. “Atualmente falta de dia, mas volta à noite. Mas há poucos meses a gente chegou a ficar oito dias sem água. Pelo menos houve uma melhora”, diz.
Procurada, a Sama respondeu que compra da Sabesp 100% da água que distribui e que, antes da crise hídrica “recebia o necessário para abastecer toda cidade de maneira equilibrada – cerca de 1.500 mil litros de água por segundo. A partir de 2014, com o agravamento da situação hídrica, foi acordado, entre Mauá e a Sabesp, o envio de cerca de 1.200 litros por segundo – 20% a menos. Hoje a média é de menos de 1000 l/s (40% a menos que em 2013)”.
Santo André
A situação de Mauá é semelhante à de Santo André, cidade que também tem recebido da Sabesp menos água do que precisa para distribuir à população. Moradores dos bairros Parque João Ramalho e Capuava reclamam da falta de água diária. Em muitas casas a pressão é insuficiente para subir até as caixas.
A dona de casa Matilde Rossi Guvella, residente na Vila Scarpelli, disse que a água tem chegado amarelada e as vezes marrom. “A água não é mais limpinha e transparente como antes da crise hídrica. Uma vez deixei o tanque cheio de um dia para o outro. Quando esvaziei, ficou um limo no fundo”, relata.