Semasa exige desocupação de área invadida no Parque do Pedroso

Famílias que realizaram no ano passado ocupações na região do Parque do Pedroso estão temerosas com a possibilidade de que suas residências sejam derrubadas nos próximos dias.

Os nove barracos que estão na mira da fiscalização foram erguidos em uma área de proteção ambiental, com acesso pela rua Renascer.

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O Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) visitou o local no dia 21 de janeiro e emitiu “advertência ambiental” para os moradores do terreno.

O documento aponta que os ocupantes cometeram a infração de “construir em unidade de conservação sem autorização” e indica ainda que o responsável por cada moradia “deverá demolir a obra e recuperar a área”.

De acordo com a mais recente orientação dada pelo Semasa aos moradores, caso os próprios residentes não retirem as moradias, os barracos serão demolidos logo após o Carnaval. Quase todos os ocupantes da área são trabalhadores que estão desempregados.

“Moro aqui há quatro meses. Tenho uma filha e estou desempregada, não tenho condições de ir para outro local. Não quero nem pensar no que vai ser se eles derrubarem mesmo. Vou levando até onde der”, lamenta a dona-de-casa Genilda Siqueira. “Disseram pra gente se virar e deixar as casas, senão vão derrubar com tudo o que tem dentro”, diz.

Mãe de quatro filhos, a também dona-de-casa Juliana da Fonseca Oliveira está há oito meses na área. “Recebi auxílio-aluguel durante 1 ano e 4 meses e pensava que estava cadastrada na Prefeitura para conseguir moradia. Mas depois fui descobrir que o cadastro não tinha sido feito e, além disso, o auxílio-aluguel foi cortado”, reclama.

A proposta dos moradores é que o Semasa autorize as pessoas a continuarem no local, em troca da garantia de que não haverá novas ocupações na área. “Eu acho que como o pessoal já está morando por aqui, eles poderiam deixar ficar. Mandava fechar aqui para ninguém fazer mais barraco. Nos comprometemos a cuidar do local”, afirma Diogo da Silva Cardoso, que pagava aluguel em outro local, mas perdeu o emprego recentemente.

“Eles deram prazo para a gente sair, mas não querem dar nenhum auxílio social, nenhum apoio”, reclama Igor Teixeira de Freitas, que mora há quatro meses na área com a esposa e uma filha pequena. “Estamos aqui por falta de alternativa, precisamos de ajuda”.

Igor Teixeira de Freitas mora no local há quatro meses com a mulher e a filha (Foto: Pedro Diogo)
Igor Teixeira de Freitas mora no local há quatro meses com a mulher e a filha (Foto: Pedro Diogo)

A ocupação fica próxima à residência do vereador Tonho Lagoa (PRP), que passou a acompanhar de perto o caso. “O ideal é que evitassem a ocupação. Mas agora que há famílias morando, o poder público precisa priorizar o cuidado com as famílias. A Inclusão Social deveria avaliar cada caso com cuidado”, diz o parlamentar.

Sem benefício
O RD procurou a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação de Santo André e também o Semasa sobre a situação das famílias instaladas no local. A nota conjunta enviada à redação confirma que os barracos serão demolidos.

Diz a nota: “A Prefeitura e o Semasa informam que a ocupação irregular citada foi flagrada durante fiscalização aérea feita regularmente pela autarquia de saneamento. Dos nove barracos identificados, três estavam ocupados. Os respectivos moradores foram devidamente notificados a saírem nos próximos dias. Após a saída, todas as moradias precárias serão demolidas para evitar nova ocupação”.

De acordo com a Prefeitura, a reivindicação dos moradores de ganhar auxílio social não será atendida. “O benefício social é concedido a famílias transferidas de áreas em processo de urbanização, o que não é o caso desta”, afirma a nota.

Os nove barracos que estão na mira da fiscalização foram erguidos em uma área de proteção ambiental, com acesso pela rua Renascer (Foto: Pedro Diogo)
Os nove barracos que estão na mira da fiscalização foram erguidos em uma área de proteção ambiental, com acesso pela rua Renascer (Foto: Pedro Diogo)

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