Coordenador do GT de Saúde do Consórcio Intermunicipal Grande ABC e secretário de Saúde de São Bernardo, Arthur Chioro confirmou a possibilidade – e necessidade – de a região ter, futuramente, um novo hospital público do porte de Mário Covas e Serraria, em Santo André e Mauá, respectivamente.
“Porque a população é uma população que envelhece em ritmo acelerado de uma retaguarda de leitos para pacientes crônicos, pacientes fora de possibilidades terapêuticas, idosos”, citou, durante entrevista ao RDtv, nesta terça-feira (20).
A fala de Chioro corrobora a fala do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, que no último sábado, durante a inauguração da segunda UPA (Unidade de Pronto Atendimento) de Mauá, citou a possibilidade de iniciar um movimento para a construção de nova unidade hospitalar regional, para desafogar o Nardini, em Mauá. Veja a seguir a entrevista na íntegra gravada com Chioro nos estúdios do Repórter Diário:
Repórter Diário – No último sábado o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, afirmou que um dos próximos passos para a região seria a construção de um novo hospital público. Qual o andamento deste projeto?
Arthur Chioro – O planejamento que os secretários, prefeitos e Consórcio tem feito, a longo prazo, temos identificado uma imperiosa necessidade de ampliação da oferta hospitalar. Vai ser feito em parte pelas prefeituras e pelo planejamento que está sendo feito. Na prefeitura de São Bernardo, com a construção e ampliação do HC, reestruturação hospitalar do Pronto-Socorro Central, que faremos um Hospital de Urgências, no HMU que será transformado em no Hospital da Mulher, temos a ampliação do hospital de Ribeirão Pires, que vai duplicar a capacidade local, todo o esforço que a prefeitura de Mauá vem fazendo pra reestruturar e ampliar o Nardini, muito prejudicado há anos, um esforço grande da Prefeitura de São Caetano também na questão da oferta hospitalar, a Prefeitura de Diadema ampliando e modernizando o Hospital de Diadema. Portanto, há a identificação da necessidade de ampliação, em particular de direitos de retaguarda. Porque a população é uma população que envelhece em ritmo acelerado de uma retaguarda de leitos para pacientes crônicos, pacientes fora de possibilidades terapêuticas, idosos. Nós entendemos que esse é um papel fundamental para o Governo do Estado.
Repórter Diário – Esse hospital seria voltado para a região de Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, conforme citado na região?
Arthur Chioro – Na nossa identificação não há discussão de um local específico. Desde que ele seja um hospital regional que atenda os sete municípios, integrado e de referência para a região. Nos parece bastante óbvio que ele não seja instalado nem em Santo André e nem em Diadema, até por conta de já ter dois hospitais de referência. É uma demanda a médio e longo prazo. Temos uma agenda de oferta de ampliação de leitos hospitalares que surgirão das iniciativas dos municípios, que tem contado com o apoio do Ministério da Saúde. Nesse ponto o ministro Alexandre Padilha está muito sintonizado com a região.
Repórter Diário – A região foi contemplada com uma emenda de R$ 24 milhões recentemente. Qual será o destino do montante?
Arthur Chioro – É (um valor) significativo. O ministério da Saúde tem sido parceiro desde a gestão do ex-presidente Lula, na construção do Hospital de Clínicas (São Bernardo). Seria impossível para uma prefeitura como São Bernardo construir uma obra desse porte. Eram R$ 82 milhões, mas também restava o desafio de equipar. Na gestão da presidente Dilma também fomos contemplados com R$ 24 milhões, sendo R$ 3 milhões como contraparte. É o valor exatamente necessário para equipar e mobiliar o hospital para a primeira parte deste importante equipamento regional. Ele vai ter a primeira fase dando início no mês de julho, mas será progressivamente implementado.
Repórter Diário – São Bernardo foi privilegiada pelos repasses da União na área de saúde no que diz respeito à construção do Hospital de Clínicas do município?
Arthur Chioro – À medida que teremos o hospital, poderemos deixar de mandar um terço dos nossos partos, que hoje vão para Diadema, Mauá, São Paulo. Deixaremos de mandar uma parte significativa para os hospitais Mário Covas e Serraria. Não só abriremos outras vagas em serviços regionais como os nossos serviços, pela qualidade, alta complexidade e referência que hoje já temos também vamos poder apoiar a demanda regional. O hospital não é um único equipamento entrando em funcionamento. O investimento do Governo Federal neste hospital e, se possível, estadual, é para o ABC e Região Metropolitano e é plenamente justificável.
Repórter Diário – Qual foi o encaminhamento do último congresso de secretários de saúde, realizado no início do mês?
Arthur Chioro – Realizamos no dia 9 o 26º Congresso de Secretários de Saúde, em Marília, com mais de 1,2 mil congressistas. Foram mais de 300 secretarias municipais paulistas representadas e com a presença maciça do governo federal e estadual. Alguns compromissos foram selados: primeiro o investimento prioritário na atenção báscia, em segundo a atenção básica e na construção de redes prioritárias. Mas é importante destacar que pela primeira vez temos uma ambiente de diálogo, muito concretamente produtivo e respeitoso. Esse alinhamento talvez é mais importante que as conclusões. Uma notícia boa é que traremos o congresso para São Bernardo, em março do ano que vem.
Repórter Diário – A região não foi bem ranqueada no índice SUS, publicado no início do mês. O que está sendo feito para mudar esse quadro?
Arthur Chioro – Encaro com muita naturalidade o Índice SUS. Todo mundo fala que avaliação é importante, mas ninguém gosta de ser avaliado. Ela é positiva, faz com que todo mundo fique incomodado. Ele reflete o que é a saúde no ABC. Como mede de 2008 a 2010, tenho absoluta convicção de que mede em São Bernardo, por exemplo, a situação que encontramos a cidade. Encontrei a saúde da cidade numa situação pré-SUS. Não podia imaginar que uma cidade do tamanho de São Bernardo poderia ter um atraso do sistema tão grande. A nota que tivemos, que é um pouquinho menor que a média (5,17) reflete a situação que encontramos, mas não mais a de hoje. Se no final do ano a gente não estiver no mínimo na média significa que estamos errando e precisando trabalhar mais.
O fato de São Caetano e Diadema estarem acima da média reflete o histórico de organização que aquela cidade fez. Qualquer um que acompanha a cidade sabe que se leva a saúde como prioridade, gastando inclusive um pouco mais do que poderia gastar. Eu já apliquei os mesmos indicadores do INDI-SUS com os dados de dezembro de 2011. Do mesmo jeito que reduzimos a mortalidade infantil em 25% e tem os a comemorar a menor taxa da história de São Bernardo, próximo dos indicadores de primeiro mundo, vamos chegar a esse tipo de indicador. Quem não deve não teme esse índice. Ele é uma fotografia e não um filme. Vai registrar no futuro aqueles investimentos que estão sendo realizados agora.
Acompanhe nesta quarta-feira (21) a segunda parte da entrevista
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