
Depois de cortes sucessivos de verbas que afetaram as universidades e os institutos federais nos últimos anos, a UFABC (Universidade Federal do ABC) começa a sair da fase difícil e esse período de recuperação do investimento na Educação será marcado com a inauguração do prédio Zeta, que terá laboratórios para a graduação e pós-graduação no campus de São Bernardo. O prédio, que será inaugurado nesta sexta-feira (02/6) pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, consumiu investimento de R$ 28,5 milhões, parte do governo federal da segunda gestão da presidente Dilma Rousseff (PT), parte do Finep (Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) e parte vinda de emendas parlamentares dos deputados federais Alencar Santana, Paulo Teixeira e Vicentinho (todos do PT) e Ivan Valente (PSol) e emenda coletiva da bancada paulista na Câmara Federal.
O corte orçamentário das universidades fez com que a obra que teve início em meados de 2016 para ficar pronta dois anos depois, atrasasse cinco anos. O prédio conta com 22 laboratórios de pesquisa científica e inovação voltados à produção de conhecimento nas áreas de Genética, Tecnologias Assistivas e Inclusão, Desenvolvimento Energético e de Equipamentos Médicos, além de salas de aula da pós-graduação. O reitor da UFABC, Dácio Matheus e a secretária de Ensino Superior do MEC (Ministério da Educação), Denise Pires, detalharam em entrevista coletiva nesta quinta-feira (01/6) o investimento do governo federal e como será usado o novo prédio.
“Mais importante do que o prédio é o que nós fazemos no prédio. Esse prédio em si é abriga laboratórios de pesquisa, laboratórios da graduação e salas da pós-graduação . Juntamos tudo no mesmo prédio não por falta de espaço mas intencionalmente uma articulação para multiuso dos espaços para ensino, pesquisa e extensão”, explicou Dácio Matheus.
Denise destacou todas as dificuldades das instituições de ensino superior federal diante do corte de verbas ocorrido na última gestão e disse ainda que o MEC tenta recompor o orçamento da pasta, mas com alguma dificuldade diante do orçamento previsto para este ano que o governo tem que seguir. “Temos um número enorme de obras paradas devido à falta de investimento por parte do governo federal nos últimos anos, em 2015 o ministério recebeu o maior volume de recursos e nesta época todo o conjunto de universidades federais tinha, destinado para infraestrutura do conjunto de universidades federais mais de R$ 1 bilhão, em 2019 esses recursos caíram para R$ 550 milhões e no ano seguinte o reitor (Dácio Matheus) não tinha investimento algum para as obras agradeço a ajuda dos parlamentares para não paralisar totalmente. Nesse ano o MEC recompôs o investimento, mas R$ 250 milhões mais RE 190 milhões serão distribuídos de maneira a retomar as obras paradas e aquelas que faltam pouco para ficarem prontas. Veja que nesse ano nós não conseguimos sequer chegar aos R$ 550 milhões de 2019, mas nossa intenção é voltar a ter investimentos suficientes para que todas as obras sejam terminadas”, disse a secretária.
Segundo Denise, são mais de 400 obras paradas no País. “Só aqui na UFABC tem mais de 10 obras paralisadas. O MEC espera recuperar o seu orçamento, mas tem hoje a metade do que tinha há uma década e não é possível continuarmos assim. O Brasil está longe de ter uma educação de qualidade e para isso é preciso investimento, mas o recurso por aluno é muito baixo em relação a outros países. Toda equipe do MEC está trabalhando para a recomposição do orçamento mas precisamos do apoio dos parlamentares para que tenhamos orçamento de 2024”, completa.
Segundo o reitor Matheus, a obra do prédio Zeta, no campus São Bernardo, vai contribuir para melhorar a oferta de cursos de pós-graduação. “Tínhamos uma restrição de espaço físico para maior oferta de vagas nos cursos de pós-graduação neste campus, e também em Santo André então isso nos dá um certo alívio. Estávamos dividindo espaços de pesquisa com a graduação. Os laboratórios funcionam direto; sábado domingo e feriado eles não param. Nós estávamos até esse momento dividindo espaços no bloco Ômega e essa obra consolida um projeto que foi interrompido em 2016”, diz o reitor.
Dácio Matheus disse que já deu ciência ao MEC de outras obras em andamento e a necessidade de que os recursos continuem chegando. “Não temos um centro esportivo e isso é importantíssimo para os alunos. Temos duas aeronaves, um helicóptero e um avião, que estão alojados provisoriamente e temos a necessidade de um hangar, também precisamos de um acesso à via Anchieta para melhorar a mobilidade do Campus São Bernardo, além de mais três blocos. É um conjunto de projetos para os quais não temos recursos ainda. No campus Santo André temos obras interrompidas, como o bloco cultural que tem obras avançadas, também temos no projeto original uma passarela que viria para para melhorar a mobilidade no campus e dar acesso ao terminal Celso Daniel de Trem e ônibus”, listou o reitor.
Coração
Um espaço que o presidente Lula vai visitar durante a inauguração nesta sexta-feira é o Laboratório do Coração, onde são desenvolvidos equipamentos para a área da medicina e que vão melhorar os resultados das cirurgias no órgão vital e resolver arritmias. O professor de engenharia biomédica, João Salinet explicou o funcionamento do equipamento que está sendo desenvolvido na UFABC. (Veja vídeo).
Após a inauguração na UFABC, que está prevista para as 10h, o presidente Lula segue para a sede da empresa Eletra, próxima a universidade. Na empresa ele participa da entrega de novas instalações que irão multiplicar a capacidade industrial da líder nacional em transporte público sustentável. No novo prédio de 27 mil m² na via Anchieta a Eletra poderá produzir 150 ônibus elétricos por mês ou até 1,8 mil por ano. O investimento de R$ 150 milhões visa colocar a empresa na liderança latino-americana do segmento e gera 500 empregos diretos dentro do período de dois anos.