
Exceto por um princípio de paralisação no Rodoanel, na altura de São Bernardo, dispersado pela Polícia Militar Rodoviária, o ABC praticamente não apresentou ações em virtude da greve dos caminhoneiros nesta quinta-feira (9/9). O abastecimento de alimentos e de produtos essenciais, como o gás de cozinha, ainda não corre risco segundo apurou o RD. Um dia antes, na quarta-feira (8/9) manifestantes pararam temporariamente a via Anchieta.
Na Craisa (Companhia de Abastecimento Integrado de Santo André), que mantém o Ceasa do ABC, o movimento de caminhões foi normal na manhã desta quinta-feira. Segundo o superintendente Reinaldo Messias, a companhia ainda não sentiu nenhum impacto. “Ao que parece, os perecíveis não têm ficado presos em barreiras, hoje o movimento foi normal, mas estamos monitorando, se a paralisação se mantiver por mais dois dias e os transportadores de perecíveis forem impedidos de trafegar pode ser que haja algum reflexo”, analisou.
O presidente da Associação Brasileira dos Revendedores de GLP, Alexandre Borjaili, temia pelo desabastecimento dos depósitos de gás pela manhã, porém a Polícia Rodoviária atuou em todos os estados e evitou o fechamento de rodovias e garantiu a circulação dos caminhões. “Tivemos notícia de falta de abastecimento de alguns depósitos no Estado, mas o governo foi rápido e a polícia conseguiu impedir manifestações nas rodovias. Entendemos que é um abuso qualquer manifestação que impeça a distribuição de produtos essenciais”, disse.
A Apas (Associação Paulista de Supermercados) divulgou nota no final da tarde desta quinta-feira também e minimizou problemas com abastecimento. “A essencial atividade supermercadista está funcionando normalmente no Estado. Orientados pela Apas, os supermercados associados realizaram contramedidas preventivas, antecipando a reposição de mercadorias como frutas, legumes e verduras, de modo que o setor cumpra com a missão de abastecer a população de forma segura e sem interrupção. A Apas segue monitorando a situação das paralisações, mas até o momento, não há ruptura na cadeia de abastecimento”, diz o informe.
A Polícia Militar Rodoviária informou que em todo o estado há 14 pontos onde há monitoramento de ações de caminhoneiros, porém não houve registro de ocorrências de manifestações no sistema que reúne as rodovias Anchieta e Imigrantes, informações que foram confirmadas com a Ecovias, concessionária que administra o sistema. Já no Rodoanel Mário Covas, na altura do quilômetro 74, em São Bernardo, houve manifestação ocupando parte da via. Em nota, a concessionária SPMar informou que o ato ocorreu por volta das 4h20 da madrugada desta quinta-feira, ocupando duas faixas de rolamento da via e houve interferência da Polícia Rodoviária. As pistas foram totalmente liberadas às 6h20.
O movimento grevista não conta com apoio de entidades que organizam o setor como o Sindicato dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens do Estado de São Paulo e a Federação dos Caminhoneiros Autônomos de Carga em Geral do Estado. O presidente do sindicato e da federação, Norival de Almeida Silva, disse ao RD que as entidades estão fora do movimento porque não há uma pauta de reivindicação da categoria. “O movimento tem contaminação política, definir quem é ou deixa de ser o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) não é competência do sindicato, então como a pauta não é exclusiva da categoria tem os que querem trabalhar e os que não querem; o sindicato está atento e à disposição para esclarecer dúvidas dos trabalhadores”, disse o sindicalista.
Silva disse ainda que o movimento deve enfraquecer conforme os dias passam. “Se fosse uma greve de verdade teria que ter uma pauta e não tem, por isso eu não enxergo crescimento disso; acho que amanhã (sexta-feira, 10/9) ele será menor e até o final de semana não teremos mais nada”, prevê.