Cabral quer investigar apologia à tortura feita por PM

O governador do Rio, help Sérgio Cabral Filho (PMDB), viagra determinou a abertura de inquérito para apurar as circunstâncias da apologia à tortura feita por um oficial da Polícia Militar num discurso para a tropa. O governador reagiu à divulgação de uma gravação, na qual o tenente-coronel Antônio Germano, comandante do Batalhão de Policiamento em Vias Especiais (BPVE), diz a seus comandados ter saudades da ditadura militar e que gostaria de poder torturar policiais corruptos.

“Como está na democracia, só posso punir. Minha vontade, se está na ditadura militar, é botar tomando choque elétrico a noite inteira”, discursou o PM, numa cerimônia do Batalhão realizada no dia 17 de abril, segundo transcrição do jornal O Dia. “Você botava tomando choque a madrugada toda, não precisava punir não. Choque e porrada. De manhã, ele estava enquadrado. Entendeu? Com o orgulho até desencarnado”, acrescentou Germano. Recorrendo a detalhes desse tipo de tortura, o oficial faz referência ao uso de magnésio na sessão de eletrochoques: “Treme que nem perereca”.

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No mesmo discurso, o policial diz sonhar com a volta da ditadura e que gostaria de ver dez tanques de guerra desfilando na Avenida Rio Branco. Germano diz ainda aos comandados saber que a prática de tortura é crime, dando a entender que só por isso não implanta a prática no seu batalhão. “Mas o que eu posso fazer? Tem que seguir os limites da lei. E a gente vai cumprir os limites da lei. Como é que eu vou pagar advogado de defesa para me defender de tortura, que é um crime inafiançável?”

O governador disse ter ficado indignado ao ler no jornal o discurso do oficial. “Não é essa a nossa orientação. Devemos combater os corruptos em qualquer área pública, mas os métodos não são esses”, disse Cabral. “Um erro não justifica outro”, afirmou. Segundo o governador, o coronel Germano será ouvido na apuração interna.

O oficial confirmou ter feito o discurso, mas admitiu que se excedeu. Ele justificou que só falara daquela maneira na tentativa de motivar sua tropa a resistir às propinas de R$ 20 ou R$ 10 às quais muitos PMs cedem. O coronel disse que não é a favor da tortura e que jamais agiria fora da lei.

O presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa do Rio (Alerj), deputado Alessandro Molon (PT), disse que as declarações do oficial são inaceitáveis. “É lamentável, num momento em que há tantos desafios para superar a truculência da polícia no Rio, ler uma declaração como esta. Felizmente o governador foi rápido e mandou apurar”, afirmou.

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