O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou pesquisa na qual em 2013, 10,2% dos brasileiros com 18 anos ou mais que estavam desempregados sofriam de algum tipo de depressão, de um total de 61,8 milhões de pessoas fora do mercado de trabalho (um em cada 10). Os dados fazem parte da Pesquisa Nacional de Saúde 2015 – Indicadores de Saúde e Mercado de Trabalho.
O estudo contabiliza, na época, 160 milhões de pessoas integrando a População em Idade Ativa (PIA) no Brasil, em um universo de 200,6 milhões de pessoas, de acordo com o Censo 2010.
O percentual de pessoas com 18 anos ou mais de idade desocupados (5,7 milhões fora do mercado de trabalho, mas procurando emprego) com diagnóstico de depressão é de 7,5%, em 2013. Já entre os que não trabalhavam, nem procuravam emprego, o total é de 7,6%, o equivalente a 11,2 milhões. Entre a população ocupada foi registrado percentual menor de pessoas com depressão: 6,2% (5,6 milhões).
Os brasileiros fora da força de trabalho apresentaram número maior de pessoas que tomavam remédio para dormir (12,6% ou 6,5 milhões); entre os ocupados a marca é de 5,0% ou 4,5 milhões; e entre os desocupados 4,3% ou 214 mil. Em todos os resultados, as mulheres apresentaram mais diagnóstico de depressão: 10,9% desempregadas e 10,1% ocupadas, frente a 3,9% e 3,3% para os homens.
Enquanto isso, o IBGE calculou que no trimestre de março a maio deste ano, havia cerca de 11,4 milhões de pessoas desocupadas no País. É a maior já registrada pela histórica do indicador, que teve início em janeiro de 2012. O cenário do desemprego é mais que preocupante se for relacionado ao risco de depressão.
O psiquiatra Alceu Giraldi, diretor da Clínica Pro Mens Sana, em São Bernardo, afirma que a depressão afeta não somente quem está desempregado, mas quem não gosta de seu emprego e não tem coragem de pedir demissão. Era o caso de A.S., morador de Diadema, que trabalhava em uma linha de produção, como operador de máquina de sopro para produção de garrafas.
Desmotivado
O operador de máquinas conta que mal conseguia levantar da cama para ir trabalhar e chegou a emagrecer 8 quilos. “O ambiente de trabalho era corrido e exigia muito do empregado, fazendo com que me sentisse sufocado. O motivo que me fez sair foi a percepção de que eu estava doente, com depressão. Ia trabalhar desmotivado”, diz.
A.S. tomou coragem e deixou o emprego, procurou ajuda profissional e foi medicado. Atualmente trabalha como estoquista. “Continuo o tratamento, mas com o problema resolvido e feliz porque tenho a certeza que fiz a melhor escolha: a escolha pela vida”, diz.
De acordo com Giraldi, quando a pessoa está desempregada não deve se isolar. “Geralmente a pessoa não tem dinheiro para ir ao cinema, para sair com os amigos. Então ela se isola de tudo e de todos. O ideal é buscar ocupar a mente, fazer caminhada, fazer passeios gratuitos e buscar ajuda profissional”, ensina. O psiquiatra também alerta para que as pessoas não se mediquem sozinhas, mas procurar um médico