Deputada federal exercendo o segundo mandato consecutivo, a psicóloga e publicitária Mara Gabrilli (PSDB) faz sempre questão de lembrar sua ligação com a cidade de Santo André. Em discursos que faz com críticas ao PT, a tucana por diversas vezes frisa que sentiu na pele os efeitos da corrupção promovida por integrantes do partido.
A reportagem do RD, que esteve presente em Brasília no final de semana em que o impeachment foi votado na Câmara, voltou para São Paulo no mesmo voo que a parlamentar e conversou com a tucana no aeroporto de Congonhas.
Na votação histórica que aprovou a admissibilidade do processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff, no último domingo (17), Mara Gabrilli fez mais uma vez referência ao pai, Luiz Alberto Gabrilli, empresário de ônibus que teria sido extorquido por membros da gestão petista em Santo André.
“Pelo fim dessa quadrilha que assaltou o país. Pelo meu pai que tanto sofreu na mão do PT, por mais dignidade às pessoas com deficiência. Pelo meu voto brasileiro, eu voto sim”, afirmou a tucana no plenário, ao justificar seu voto.
Na entrevista ao RD, Gabrilli conta que por pouco não citou Santo André no plenário.
“Na hora de votar eu estava com o discurso na cabeça. Eu queria muito falar de Santo André e na hora me fugiu”, revela. “Vejo esse momento como um resgate para a cidade de Santo André. É um momento muito importante para a gente dar a volta num ciclo. Acredito que a gente vai assistir a cidade crescer e evoluir, como se uma nuvem preta saísse de cima do ABC”.
Desgaste familiar
Luiz Alberto Ângelo Gabrilli foi dono da Expresso Guarará e, segundo relatos da família, teria sido vítima de extorsão durante cerca de dois anos, na gestão Celso Daniel (PT). Ele era obrigado a pagar valores para a quadrilha que atuava na cidade. O empresário vendeu sua parte na empresa em 2009.
De acordo com depoimento da irmã de Mara Gabrilli, Rosângela Gabrilli, sete empresas de ônibus da cidade eram forçadas a “contribuir” com o esquema. Segundo o relato, a retirada do dinheiro ocorria todo dia 30. O montante seria destinado para campanhas do PT.
Na visão do Ministério Público, ao descobrir que o dinheiro arrecadado passou a ter como destino não somente campanhas eleitorais, mas sim os bolsos de integrantes da quadrilha, o ex-prefeito Celso Daniel tentou interromper o esquema, o que teria motivado seu assassinato, em 2002.