Juros futuros voltam a fechar em alta com dólar e tensão política

Os juros futuros completaram nesta segunda-feira, 30, uma semana de sucessivos fechamentos com taxas em alta, refletindo não somente a pressão no câmbio como também novas notícias negativas para o cenário político. Além do risco da não aprovação da mudança da meta fiscal de 2015 no Congresso, amanhã, o mercado reagiu muito mal à informação de que o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB), teria recebido R$ 45 milhões para alterar uma medida provisória que beneficiaria o banco BTG Pactual, de André Esteves. O banqueiro segue detido e renunciou ao comando da instituição.

Ao término da sessão regular, o DI julho de 2016 subiu a 15,15%, de 15,11% no ajuste anterior; o DI janeiro de 2017 avançava de 15,66% para 15,80%; e o DI janeiro de 2021 fechou em 15,95%, de 15,91% no ajuste da sexta-feira. Ás 16h30, o dólar à vista estava em R$ 3,886 (+1,49%).

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As taxas passaram a manhã em alta, repercutindo as incertezas do quadro doméstico. De acordo com a Procuradoria-Geral da União (PGR), um documento colhido por investigadores da Operação Lava Jato na residência de Diogo Ferreira, chefe de gabinete do senador Delcídio Amaral (PT-MS), aponta suposto pagamento de R$ 45 milhões a Cunha para alterar medida que beneficiaria o banco de André Esteves. Cunha rechaçou as acusações dizendo-se vítima de “armação” e “armadilha” em uma “situação absurda”. Do mesmo modo, o BTG Pactual negou que tenha feito qualquer pagamento por benefício e se disse à disposição das autoridades para esclarecimentos.

No início da tarde, as taxas perderam força de alta, em linha com o que ocorria com o dólar, o que abriu espaço para os mais longos recuarem ante os ajustes. Posteriormente, contudo, a curva voltava a empinar também na medida em que o dólar retomava ganhos mais firmes ante o real.

Como os juros vêm subindo sem parar nos últimos dias, operadores alertam para os níveis elevados de prêmio na curva e não veem muito espaço para mais altas. A questão é que o noticiário tem sido muito desfavorável e pode piorar ao longo da semana. Amanhã, o Congresso tem de aprovar a mudança da meta de 2015, atualmente de superávit de 1,1% do PIB, para um déficit que permite um rombo de até R$ 119,9 bilhões nas contas públicas. O governo anunciou hoje um contingenciamento de R$ 11,2 bilhões nas despesas federais não obrigatórias, a ser descongelado logo após a aprovação da mudança.

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