PPE torna previsões mais otimistas

Primeiro semestre foi marcado por demissões em montadoras, entre elas a Mercedes-Benz (Foto: Roberto Parizotti/SMABC)

O lançamento do Programa de Proteção ao Emprego (PPE), cuja regulamentação foi assinada na última terça-feira (21) pelo ministro do Trabalho e Emprego, Manoel Dias, mudou a perspectiva negativa que existia sobre o setor automotivo neste segundo semestre. A estimativa é de que, de imediato, 6 mil empregos sejam preservados na região e que, por conta da maior confiança dos consumidores, a economia comece a reagir neste ano.

“Nossa estimativa é de que as adesões iniciais das empresas possam contribuir com a manutenção de pouco mais de três mil vagas em nossa área de atuação”, explica Aroaldo de Oliveira Silva, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (SMABC). José Braz Fofão, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André e Mauá também calcula que 3 mil vagas devem ser preservadas na área de atuação da entidade.

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O presidente da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) e diretor de Assuntos Institucionais da General Motors, Luiz Moan, declara que o PPE é um programa extremamente moderno e estruturante da economia brasileira. “Ele deve ajudar a recuperar o índice de confiança do consumidor, porque visa a garantia da empregabilidade. O que joga para baixo a confiança das pessoas é o medo de perder o emprego. Então, acho que é um programa positivo”, avalia.

Moan acredita que o programa contribuirá não só com o setor automotivo, mas também com os demais setores econômicos. O dirigente empresarial, inclusive, fez uma revisão do prognóstico para este segundo semestre. “Neste segundo semestre teremos estabilidade com viés de alta. Isso é importante porque significa a preparação para crescimento mais sustentável e mais robusto no ano que vem”, afirma.

O vice-diretor do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) de São Bernardo, Mauro Miaguti, que em entrevista concedida ao RD em junho avaliou negativamente as expectativas econômicas para o segundo semestre, mostrou estar esperançoso no sucesso do programa. “Inicialmente eu apoio o PPE. Não dá para mensurar o resultado, mas acho positiva a flexibilidade e a redução da burocracia que o programa prevê nas negociações porque isso torna as decisões mais ágeis”.

Desconfiança
Mas nem todo mundo está confiante no PPE. Alguns sindicatos por todo o Brasil são contra o programa porque ele possibilita a redução de salários proporcionalmente à redução das horas semanais de trabalho. É o caso do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, o Cidão.

“Esse programa é apenas um paliativo. Não podemos aceitar propostas que possibilitem a redução dos salários. O problema é que, por incompetência do governo, não há dinheiro para financiar nada. Não vejo luz no fim do túnel no curto prazo”, diz.

PPE
O Programa de Proteção ao Emprego foi lançado pela medida provisória nº 680/2015 e sancionada pela presidente Dilma Rousseff em 6 de julho. O PPE permite reduzir a jornada de trabalho em até 30%, com diminuição proporcional nos rendimentos e complementação de 50% da perda salarial pelo FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), limitada a 65% do maior benefício do seguro-desemprego. As empresas integrantes ficam proibidas de dispensar arbitrariamente, ou sem justa causa, os empregados que tiverem sua jornada de trabalho temporariamente reduzida enquanto vigorar a inscrição no programa. Após seu término, a estabilidade fica mantida durante o prazo equivalente a um terço do período de adesão. 

Venda de veículos tem queda gigante

O setor automotivo da região teve um primeiro semestre extremamente difícil. De acordo com dados da Anfavea, a Volkswagen apresentou queda de 31,7% no número de automóveis de passeio da marca licenciados no período. Foram 158.071 carros licenciados contra 231.485 no ano passado. A General Motors também viu suas vendas caírem vertiginosamente em 27,6%, de 236.278 em 2014 para 171.116 em 2015. A Ford, por sua vez, colocou no mercado 124.657 veículos, 4,6% a menos que nos primeiros seis meses de 2014.

Mas difícil mesmo é o mercado de caminhões. A Scania registrou queda de 63,5% nas vendas. De 6.901 veículos pesados licenciados no primeiro semestre de 2014, a empresa só conseguiu colocar no mercado 2.521 unidades nos primeiros seis meses deste ano. Na Mercedes-Benz a redução foi de 42,8% (16.616 para 9.501) e na Ford de 15,3% (de 8.417 para 7.133).

Esses números negativos tiveram impacto direto no mercado de trabalho. Para evitar demissões e ao mesmo tempo reduzir o ritmo da produção, as montadoras apelaram para férias coletivas, lay-off e também banco de horas. Apesar dos esforços e da ação dos sindicatos, empregados foram demitidos.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Metalírgicos de São Caetano, Aparecido Inácio da Silva, há no momento 1.028 trabalhadores em layoff na GM e, desde o início do ano, cerca de 1,6 mil trabalhadores perderam o emprego na montadora. “Vale lembrar que houve um PDV com 300 adesões. Na prática, um turno inteiro da montadora foi encerrado”, comenta.

De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo, o saldo de empregos nas autopeças ficou negativo em 1.273 vagas, nas montadoras em 1.952 e, no restante da base metalúrgica o saldo foi negativo em 2.532 postos de trabalho, o que totaliza -5.757. Em 2014, o saldo total no primeiro semestre estava negativo em 4.332 postos de trabalho.

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