Queda do preço do petróleo e Lava Jato poderão prejudicar produção no pré-sal

A queda do preço do petróleo no mercado internacional e a crise da indústria brasileira por conta da Operação Lava Jato, da Polícia Federal, poderão ter efeito sobre a produção de petróleo no pré-sal brasileiro, segundo o presidente da estatal Pré-sal Petróleo (PPSA), Oswaldo Pedrosa.

Responsável por cuidar dos interesses da União no pré-sal, a empresa projeta que a produção apenas em áreas submetidas ao regime de partilha – em que petroleiras e governo dividem os ganhos – será de 4 milhões de barris por dia no fim da próxima década. Porém, o ritmo da extração de óleo pode ser mais lento caso persistam os problemas atuais.

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O fato de ter “os principais especialistas (empresas de engenharia) do Brasil na lista de bloqueio da Petrobras, trazida pela Operação Lava Jato, combinado com a queda do preço do petróleo pode ter impacto no pleno desenvolvimento do pré-sal brasileiro. No mínimo, fazer com que o ritmo desse desenvolvimento não seja o antes previsto”, afirmou Pedrosa a uma plateia de executivos do setor e especialistas, em seminário promovido pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Disse também que pode haver uma “menor aceleração” da produção, mas “nada que prejudique no longo prazo”.

Para chegar à projeção de produção de 4 milhões de bpd por volta de 2025, foram consideradas reservas já encontradas e distribuídas em quatro diferentes grupos de tipos de contratos. Estão incluídos aí o campo de Libra; as áreas da cedidas à Petrobras onerosamente; as de excedente destas cessões onerosas e, por fim, áreas contínuas a outras já concedidas a diversas petroleiras em regime de concessão.

O efeito direto da Lava Jato, que investiga a existência de um esquema de corrupção envolvendo fornecedores da indústria petroleira, e da queda do preço do petróleo tende a ser o aumento dos gastos nos projetos, prevê o presidente da PPSA. Com o desempenho das empresas sendo afetado pelos dois fatores, a perspectiva, por fim, é de redução do lucro a ser obtido pela União e também pelas empresas sócias nas áreas do pré-sal.

Pedrosa ressaltou que o País convive, atualmente, com uma “crise na indústria naval brasileira”. O principal empecilho para o pleno desenvolvimento do pré-sal é, em sua opinião, a dificuldade de os estaleiros nacionais construírem navios-plataforma e sondas de perfuração. Ele lembrou que parte dos equipamentos já foi contratada. “Mas é essencial a continuidade das contratações”, acrescentou.

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