Automedicação pode causar efeitos indesejados

A automedicação é uma prática comum entre a população, mas de grande risco para a saúde. A OMS (Organização Mundial da Saúde) afirma que 29% dos óbitos no país ocorrem devido à intoxicação medicamentosa. Já um estudo realizado em 12 capitais brasileiras, pelo Instituto de Ciência Tecnologia e Qualidade (ICTQ), mostra que, em São Paulo, 83% dos entrevistados costumam se automedicar. De acordo com o estudo, 32% dos entrevistados admitem aumentar a dose por conta própria.

Segundo dados de 2010 do Sintox (Sistema Nacional de informações Tóxico Farmacológicas), foram registrados mais de 24 mil casos de intoxicação por medicamentos no Brasil e 67 óbitos decorrentes destas intoxicações.

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Para Cristina Vidal, farmacêutica mestre em ciências da saúde, professora de farmácia da USCS (Universidade de São Caetano do Sul) e responsável pela FarmaUSCS, 80% da população adulta no ABC faz uso de medicamentos sem consultar um profissional da saúde. “É preciso orientar o paciente para que, antes de se medicar, ele procure um profissional”, ressalta.

Segundo a farmacêutica, analgésicos e antigripais são os mais usados sem orientação. “O paracetamol por exemplo, se tomado em doses altas, pode atacar o fígado com violência e levar a doenças hepáticas”, afirma. Também diz que a incidência do aumento da dose para que o efeito seja mais rápido acontece frequentemente, mas não altera o efeito do remédio e sobrecarrega o organismo.

Cristina acredita que os pacientes têm acesso muito fácil aos remédios que não precisam de receita. “Alguns destes medicamentos de venda livre, sem receita médica, possuem sérios efeitos adversos. Podem causar reações alérgicas e até mesmo mascarar outras infecções ou outros problemas de saúde mais graves”, explica Cristina. Mas também alerta que a rigidez na prescrição não pode ser a solução. “Muitas pessoas não conseguem ir ao médico para pegar receita. Nosso sistema de saúde ainda é muito falho”, diz.

“É muito importante que as pessoas entendam que medicamento não é um produto qualquer, que deve ser usado com sabedoria e consciência, para maximizar seus defeitos e diminuir os riscos”, afirma Cristina.

A farmacêutica aponta duas ações que podem melhorar o atendimento farmacêutico no país. A resolução 586/2-13 do Conselho federal de Farmácia da autonomia ao farmacêutico para indicar e receitar medicamentos que não necessitam de prescrição médica. “O Conselho se preocupa em proteger o paciente dos efeitos colaterais”, explica.

Outro fator que melhorará o atendimento será a lei federal de agosto de 2014, que reconheceu as farmácias como estabelecimento de saúde, e não comerciais. “Isso permitirá que as farmácias participem de mutirões e ações públicas”, comenta.

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