PT vai dialogar para reverter rejeição em cidades do ABC

Marinho coordenou a campanha de Dilma, mas presidente perdeu em São Bernardo. Foto: Banco de dados

O primeiro discurso da presidente Dilma Rousseff logo após o resultado que indicou a sua reeleição no Planalto não foi só “da boca pra fora”. Ele foi um recado “para dentro e para fora do PT”. Ao enfatizar que vai dialogar, Dilma aponta uma solução para resolver o principal problema diagnosticado pelo partido para explicar a rejeição verificada em São Paulo.

Empresários, movimentos sindicais, entidades da sociedade civil, reclamaram ao longo desses quatro anos da falta de diálogo com a presidente. Para buscar a reaproximação com esse eleitorado, o PT promete fazer a lição de casa.

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“Temos de resgatar as nossas origens. Temos de fazer política na rua e dialogar”, destaca o deputado estadual eleito pelo PT, Luiz Fernando Teixeira. Indicado para buscar sufrágios na classe média, gargalo petista, ele mesmo admitiu que a sigla o prejudicou na busca do objetivo.

Coordenador da campanha presidencial de Dilma em São Paulo, o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, também ouviu muitas queixas ao longo da campanha sobre a ausência de diálogo. Como o sentimento antipetista, constatado no eleitorado paulista e na região do ABC (Dilma só venceu em Diadema e Rio Grande da Serra), pode ter reflexo na sucessão municipal de 2016, Marinho já determinou que o diálogo com os setores mais afastados do PT seja intensificado.

Para isso, os interlocutores do Paço e o próprio prefeito deverão apresentar um cardápio que “salte aos olhos” de investidores e empresários. Ações como a construção de um aeroporto e a própria formação de um polo de defesa, com a fabricação de parte dos componentes do caça sueco, contratado pela FAB (Força Aérea Brasileira), estarão no escopo da conversa.

Comunicar ações também é preciso, diz Grana

Além dos contatos pontuais com setores pontuais que mostraram descontentamento com o PT, o prefeito de Santo André, Carlos Grana (PT), ressalta que a abordagem com os meios de comunicação também deve ser reforçada ao noticiar as conquistas e ações do Paço.

“Nós fomos alvo da maior campanha de ódio e terror contra o PT da história. E isso ocorreu porque o ABC, por estar geograficamente perto de São Paulo, é influenciado pelo noticiário de lá, onde a mídia teve seu papel de fazer essa campanha de ódio”, explicou ao citar a reportagem da Revista Veja, na véspera do segundo turno.

Para reafirmar o pensamento, o prefeito citou que a apuração dos votos em Santo André foi praticamente a mesma das urnas da capital paulista. No ABC, no segundo turno, Aécio Neves obteve 58,05% (889.039 votos) e Dilma Rousseff 41,95% (642.327 votos).

Os prefeitos petistas do ABC – além de Luiz Marinho e Carlos Grana, também o prefeito Donisete Braga (Mauá) – apostam na vinda de repasses do governo federal para turbinar o orçamento municipal e auxiliar no cumprimento de promessas.

Marinho já teve ao longo dos últimos anos, bilhões em transferência de verbas para obras como o Hospital de Clínicas, Upas, entre outros. O mesmo ocorre com Carlos Grana em Santo André e Donisete Braga em Mauá. “A vitória do Aécio (Neves) representaria o fim desses aportes. Com a reeleição de Dilma (Rousseff), esses investimentos serão mantidos e ampliados”, afirma Grana.

Santo André, por exemplo, tem cerca de R$ 1 bilhão para receber de Brasília no próximo período. Marinho tem repasse do PAC Mobilidade para a construção dos corredores de ônibus. O primeiro já iniciou a construção.

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