Obras de mobilidade empacam na região

Maquete do monotrilho, que ligará São Bernardo, Santo André e São Caetano com a Capital. Foto: Divulgação

A mobilidade é o segundo tema analisado pelo RD na série de reportagens a respeito das promessas de campanha. O gargalo, verificado em todas as regiões metropolitanas do Brasil, não é diferente nas sete cidades da região. A maior expectativa é sobre a chegada do Metrô ABC, que é a Linha 18-Bronze do monotrilho. A obra era para ter sido iniciada em 2012, mas segue emperrada e sem data prevista de início.

Em maio deste ano, o conselheiro do TCE (Tribunal de Contas do Estado), Antonio Roque Citadini, estipulou prazo de 30 dias para analisar em definitivo a licitação que ligará a Capital ao ABC por monotrilho.

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A concorrência internacional 03/13, instaurada pela Secretaria de Estado dos Transportes Metropolitanos, foi paralisada depois que a empresa PL Consultoria Financeira e RH Ltda, de Barueri, entrou com representação para impugnar o certame, com a justificativa de possíveis irregularidades no edital. O grupo apontou suposto “conluio estratégico na fase de definição das diretrizes fundamentais do projeto”. Depois da denúncia, o governo estadual cancelou o edital e publicou outro na sequência.

Em julho, seis meses após o lançamento do edital, a empresa vencedora foi anunciada. Agora segue o processo administrativo e, se nada fugir do percurso previsto, as obras terão início até dezembro, conforme anunciaram as inserções publicitárias do Palácio dos Bandeirantes. “Para quem esperou tanto tempo, esperar alguns meses mais não fará diferença diante dos benefícios que o metrô trará e do desenvolvimento ainda maior que a região terá”, destaca o deputado estadual Orlando Morando (PSDB), integrante da comissão de Transportes na Assembleia Legislativa.

“Quem vai trazer o metrô ao ABC é o PT. Seremos nós”, prometeu o candidato petista ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, durante evento de campanha em São Bernardo, em julho, ao criticar a propaganda veiculada pelo governo estadual.

Treze estações
Conforme o projeto, o trajeto passará por Santo André, São Bernardo e São Caetano, e terá 15,7 quilômetros de extensão e 13 estações. A linha é um projeto proposto por prefeitos do ABC e visa a criação de uma ligação rápida entre a região e o município de São Paulo, por meio do Metrô de São Paulo.

É prevista a construção de uma linha que deverá partir de São Bernardo, passando no limite de Santo André e São Bernardo, até chegar ao limite de São Paulo (cidade) com São Caetano, terminando na Estação Tamanduateí, interligando-se com a Linha 2 – Verde do Metrô e 10 – Turquesa da CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos).

O projeto será realizado por meio de uma PPP (parceria público-privada), contando com investimentos da ordem de R$ 3,5 bilhões, vindos das esferas estadual, federal e privada.

O traçado proposto para esta linha se inicia na avenida Brigadeiro Faria Lima, no cruzamento com a avenida Francisco Prestes Maia, onde será criada uma rotatória. Segue até o Paço, na área central da cidade; e do Paço prossegue pela avenida Aldino Pinotti, onde se localizará a estação Baeta Neves.

O percurso continua o traçado margeando o ribeirão dos Meninos, pelas avenidas Lauro Gomes e Guido Aliberti, nas divisas entre os municípios do ABC. Em São Caetano, encontra a linha do trem e segue pela faixa de domínio da linha da CPTM até encontrar a estação Tamanduateí.

Está em estudo, também, uma extensão da linha, que pode conectar a estrada dos Alvarenga (no cruzamento com a avenida Presidente João Café Filho) e a estação Djalma Dutra, sendo esta a segunda fase, atendendo a regiões mais distantes do centro de São Bernardo. A linha contará com a tecnologia monotrilho, escolhida por se adequar à demanda projetada e contar com um custo de implantação menor.

Dilma Rousseff anuncia, mas projeto não avança

A presidente da República, Dilma Rousseff, esteve em São Bernardo no dia 19 de agosto do ano passado para anunciar o repasse de R$ 2,1 bilhões em verbas para obras na região. Parte do montante voltado era para projetos na área de mobilidade. Um ano depois, pouco avançou. No dia 2 de julho deste ano, a petista liberou o recurso por meio de assinatura de contratos do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC Mobilidade). O investimento em obras e projetos previstos ultrapassa R$ 461,6 milhões, com recursos do Orçamento Geral da União – OGU.

A assinatura dos contratos permitirá aos municípios dar andamento às licitações, buscando viabilizar o início das obras e projetos ainda em 2014. O pacote faz parte da primeira etapa dos investimentos em mobilidade urbana anunciados em agosto do ano passado, que atingem um total de aproximadamente R$ 870 milhões, incluindo verbas OGU e financiamento. Do total, R$ 31,6 milhões irão para projetos que serão contratados pelo Consórcio, e que deverão alavancar uma segunda etapa de intervenções a um valor estimado de R$ 1,1 bilhão.

Além dos R$ 31,6 milhões para o Consórcio, serão assinados contratos no valor de R$ 125 milhões para obras em Diadema (Eixo Alvarenga/ Robert Kennedy/Couros e Ligação Leste-Oeste); R$ 108 milhões para Mauá (Eixo Corredor Sudeste e Viaduto Zaíra/ Eixo Barão de Mauá/Centro); R$ 41 milhões para Rio Grande da Serra (Eixo Corredor Sudeste); R$ 98 milhões para São Bernardo do Campo (Eixos Guido Aliberti, Lauro Gomes, Taioca, Corredor Sudeste, Ligação Leste-Oeste e Corredor Alvarenga/Robert Kennedy/Couros – avenidas marginais Ribeirão dos Couros) e R$ 58 milhões para Ribeirão Pires (transposição da via férrea interligando Centro Alto e região central).

“É assim mesmo. Os projetos têm o seu tempo de maturação. Não pode ser nada precipitado. Nós até gostaríamos que fosse mais rápido, mas no poder público tudo tem seu tempo e sua fase”, disse o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, que preside o Consórcio Intermunicipal Grande ABC, e coordena a campanha presidencial de Dilma, em São Paulo.

“Fizeram um mega evento em São Bernardo com esse anúncio. Mas um ano depois não vimos nenhuma obra”, critica o deputado estadual Alex Manente (PPS), que tentará uma cadeira na Câmara Federal no pleito de outubro.

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