Potencial da internet ainda não é explorado pelos candidatos

Apesar do potencial gigante enquanto ferramenta gratuita e eficiente de comunicação e das novas restrições do TRE (Tribunal Regional Eleitoral) sobre o uso de materiais permitidos nas campanhas, a internet é ainda não é explorada pelos candidatos às eleições municipais, pelo menos até agora. Numa rápida observação sobre a presença e o comportamento dos candidatos da região na rede, o RD se deparou com um cenário extremamente amador e pobre na utilização de sites e de redes sociais capaz de persuadir a grande massa de eleitores que sai por nada da internet.   

Quase todos os candidatos já possuem página na internet e perfil nas principais redes sociais, como o Facebook e Twitter, para realizar postagens. Mas a interatividade com os seus respectivos seguidores é nula, de mão única, e dá lugar ao pragmatismo da simples divulgação da agenda dos aspirantes aos cargos de prefeito. As falhas são inúmeras e primárias. Há sites em que a ‘alimentação’ está com atraso de semanas e sem informações básicas, como o endereço e o telefone do comitê do candidato. Além disso, poucos endereços oficiais são encontrados nos sistemas de busca rápida pela internet.

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Eleitor crítico

Para os especialistas de plantão, o maior erro da maioria dos candidatos é tentar usar a tecnologia sem se cercar de profissionais qualificados para alimentar o ambiente virtual e acompanhar o comportamento do eleitorado, que está cada vez mais exigente e não aceita a simples propaganda política como antigamente. “Hoje, a população está muito mais informada que em outras eleições, e a geração de conteúdo relevante e a interatividade são fundamentais para criar o diferencial de um concorrente”, adverte Gabriel Rossi, especialista em gestão de marcas na era digital.

Segundo Rossi, apesar de representar um grande incremento se bem utilizadas, as redes sociais demandam cuidados importantes. O discurso virtual deve ser muito bem elaborado, pois qualquer erro neste meio pode multiplicar informações negativas, e até infundadas, em uma proporção difícil de ser contornada. “Tudo que um candidato busca em sua campanha é ter relevância, e não será invadindo o mural das pessoas ou direcionando inúmeros spans por dia que este objetivo será alcançado”, afirma ao citar o envio de publicidade não autorizada como um dos maiores vilões na busca por empatia de um político.

Campo de pesquisa

Para o professor e especialista em marketing político da Universidade Metodista de São Paulo (Umesp), Marcelo Alves Cruz, o potencial da internet na campanha eleitoral de uma região como o ABC, que não possui espaço na propaganda eleitoral televisiva, é ainda maior. “É claro que a TV faz falta aos candidatos e que as mídias sociais acabam tendo papel ainda mais relevante neste cenário. Os políticos ainda estão descobrindo o verdadeiro poder das redes sociais, sejam no campo da pesquisa do eleitorado alvo ou no contato pessoal com os usuários”, comenta o professor.

De acordo com o Cruz, neste contexto, a falta de sites oficiais acaba ficando em segundo plano. “Com o aquecimento da corrida eleitoral, tenho certeza que os sites passarão a ser alimentados, mas a relação é inversa e exige que os candidatos corram atrás de visibilidade. Dificilmente um eleitor se conectará com o objetivo de buscar informações sobre algum dos concorrentes, por exemplo”, ressalta.

Coordenadores antenados

Márcio Moreira é coordenador da campanha do candidato do PRTB ao Paço Municipal de Santo André, Alexandre Fláquer, e promete que a internet não será utilizada como um grande mural de notícias.“Temos uma equipe de marketing, onde cada um é responsável por cuidar de uma rede social. Realizamos uma pesquisa qualitativa de nosso público alvo através destas ferramentas e vamos dialogar de maneira diferente com cada uma das faixas etárias”, relata. “A interatividade com nossos seguidores também é vista por nós como importantíssima, já que ao responder a uma critica ou questionamentos estamos valorizando ainda mais quem mais nos importa, que é o eleitor”.

Outros políticos, como os candidatos à reeleição em Santo André, Aidan Ravin (PTB),e em Diadema, Mário Reali (PT), informaram através de seus assessores que as estratégias para o melhor aproveitamento da internet ainda sendo definida que a próxima semana será decisiva para a criação de ações e para o site oficial da campanha entrar no ar. Reali contará com o trabalho de sua Assessoria de Comunicação da campanha, que pretende responder perguntas sobre o candidato, e suas as propostas.

Já Luiz Marinho (PT), que disputa a reeleição em São Bernardo, ainda não possui perfil direcionado especificamente à campanha nas redes sociais, nem site oficial, o mesmo acontece com seus principais concorrentes. Em Mauá, a candidata Vanessa Damo (PMDB), conta com o auxilio de uma agência de comunicação para atualizar seu Facebook e Twitter, mas também informou possuir acesso às ferramentas e cuidar pessoalmente do conteúdo postado diariamente.

Até o fechamento desta matéria, a equipe dos demais aspirantes a prefeitos das cidades do ABC não responderam às tentativas de contato da equipe do RD para repassar maiores detalhes sobre o melhor aproveitamento da internet na campanha.

Legislação

Amparada pela lei 12.034/09, art. 57-B, inciso IV, a propaganda eleitoral pode ser feita em blogs, redes sociais e sites de mensagens instantâneas, cujo conteúdo seja gerado ou editado por candidatos, partidos, coligações ou resultantes de iniciativa de qualquer pessoa natural. Fora deste contexto, todas as propagandas são proibidas e não podem ser veiculadas mediante qualquer tipo pagamento. As multas neste caso variam de R$ 5mil a R$ 30 mil.
Em casos de conflitos e de troca de acusações entre os candidatos, o direito de resposta nas redes sociais seguirá os mesmos procedimentos da propaganda eleitoral em geral e deverá ser publicado na mesma página eletrônica em que o material ofensivo foi publicado, devendo permanecer acessível por pelo menos o dobro de tempo em que a mensagem considerada abusiva esteve no ar. 

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