Falta de mão de obra qualificada aumenta salário de domésticas experientes

Com a economia aquecida, encontrar empregada doméstica experiente para trabalhar em casa de família pode não ser tarefa fácil. Se há alguns anos era possível encontrar profissionais em algumas horas, hoje este prazo passou para dias. Além disso, o salário exigido por elas também está mais alto. Para proprietárias de agências especializadas em recrutar estas trabalhadoras, a falta de mão de obra qualificada é um dos motivos que alavanca o preço do serviço de profissionais experientes.

“A demanda por empregada doméstica é grande. Profissionais disponíveis no mercado há, mas está cada vez mais difícil encontrar pessoas qualificadas”, conta Juliana Chaves, uma das proprietárias da Agência Veritas, especializada em recrutamento e seleção de empregadas na capital paulista e no ABC.

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E é justamente a falta de qualificação que alavanca o salário daquelas mais experientes. Apesar do salário mínimo de uma empregada ser de R$ 690 no estado de São Paulo, a média salarial ultrapassa a casa dos R$ 800. Há casos, porém, que para atuar em uma casa de segunda a sexta-feira o salário varia de R$ 1000 a R$ 1,3 mil. Já aquelas que dormem no local de serviço o salário pode chegar a R$ 1,5 mil.

“Como elas (as empregadas domésticas) conhecem o atual momento da economia em que o País vive e sabem que falta profissional qualificada no mercado, elas acabam cobrando mais alto, pois sabem que sempre terá quem irá pagar isso a elas”, comenta a proprietária da Domestic Center, também especializada no recrutamento e encaminhamento de empregadas, Rosângela Oliveira.

Além de barganharem salários mais altos, as mais qualificadas também fazem exigências. “Muitas não aceitam trabalhar em locais com muitas crianças ou com cachorros. Há aquelas também que se recusam a trabalhar de sábado”, conta Juliana. “Hoje elas conseguem escolher onde preferem trabalhar”, completa.

Investimento
Para quem quer entrar na profissão ou se diferenciar na área, a principal dica é buscar qualificação. “Uma coisa é saber cuidar da própria casa, outra coisa é fazer o serviço na casa de alguém”, compara Rosângela. Por esse motivo há diversas empresas especializadas em cursos específicos para a área, que ensinam desde a melhor maneira de passar roupa até a elaboração de pratos especiais. “Isso não só a ajudará a se diferenciar na profissão, quanto garantirá bom salário”, completa.

Perfil
Segundo dados do BoaVaga, site especializado em empregos domésticos, 82% das empregadas domésticas têm experiência prévia quando buscam emprego, sendo que 46% delas já trabalharam com carteira assinada. Cerca de 36% das que procuram o primeiro emprego concluíram o segundo grau e a maioria das cadastradas no site tem entre 30 e 39 anos de idade.

Mensalista perde espaço para diarista

A busca por melhores salários tem feio muitas empregadas domésticas se tornarem diaristas. Isso ocorre porque se a profissional conseguir trabalhar nos cinco dias da semana em casas diferentes por um salário médio de R$ 80 (por dia), as chances de salários mais altos é grande. Porém, um alerta deve ser feito. “Dependendo de quanto ela ganhar, esta troca pode até valer a pena agora, mas em longo prazo ela pode sair perdendo, pois não terá registro em carteira e provavelmente não terá contribuído ao INSS”, alerta Rosângela.

Para evitar este tipo de problema, Juliana alerta que antes de trocar de mensalista para doméstica a trabalhadora deve fazer contas para verificar o que é mais vantajoso. “De qualquer maneira, ela mesma pode contribuir com a Previdência Social para garantir uma aposentadoria no futuro”, destaca.

Direitos trabalhistas
A diarista que trabalha em uma mesma casa no máximo duas vezes por semana não tem vínculo trabalhista, ou seja, não tem direito a ter carteira de trabalho assinada. A partir de três vezes por semana já é considerado vínculo e, neste caso, passa a ter os mesmos direitos que qualquer trabalhador doméstico, como uma empregada, acompanhante de idoso ou babá.

Estes direitos são carteira de trabalho assinada, vale transporte, pagamento da previdência social, férias, licença maternidade e paternidade, 13º salário, direito a folga remunerada e aviso prévio de 30 dias. O FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), porém, ainda é facultativo aos empregadores.

CLT
Dados do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) apontam que ao longo de dez anos (1999 e 2009) a proporção de domésticas com registro em carteira passou de 23,7% para 26,3% do total, ainda distante da média de formalização das ocupadas nos demais setores, de 69,9%.

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