Alunos organizam manifestação contra demissões na UniABC

Alunos organizam manifestação via rede social

Alunos de diversos cursos da UniABC-Anhanguera prometem fazer uma manifestação por volta das 18h30 desta segunda-feira em frente à universidade para chamar a atenção da reitoria e tentar, de alguma forma, reverter a situação. Na última semana, mais de 150 professores foram demitidos.

A Anhanguera Educacional Participações S.A. adquiriu a UniABC (Universidade do Grande ABC) em julho deste ano pelo valor de R$ 55,9 milhões e alega que as demissões são resultado de adequações para o próximo semestre. Segundo professores mandados embora, o objetivo das demissões é contratar profissionais especialistas ao invés de mestres e doutores com o objetivo de baratear os custos. Procurada, a Anhanguera Educacional informa que o desligamento de profissionais do corpo docente da UniABC acontece em função do planejamento de carga horária do próximo semestre.

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“Acho isso que estão fazendo com os professores e com os alunos uma palhaçada. A qualidade do ensino vai acabar deste jeito”, acredita Rodolfo Moraes de Andrade, aluno do segundo semestre de Letras. “Vou ver como vai ficar o próximo semestre. Dependendo do que acontecer, troco de faculdade”, diz.

A mesma ideia é defendida por Érica Gusmão, da mesma turma de Andrade. “Eles haviam nos prometido que não haveria mudança na grade horária, mas pelo que fomos informados no próximo ano já vão implementar o EAD (ensino à distância), algo que não me agrada”, completa.

“Vamos tentar nos mobilizar e chamar a atenção do reitor para tentarmos reverter este processo. Nosso contrato foi assinado com a UniABC. Este tipo de mudança que querem impor não está certo”, lamenta Cristiane Justino, aluna do segundo semestre de Recursos Humanos. O encontro dos alunos foi marcado via Facebook, e-mails e SMS. 

Professores
“Foi convocada uma reunião na última quarta-feira (14) onde aproximadamente 180 docentes receberam um envelope com a rescisão contratual. Ninguém foi avisado previamente. Foi uma surpresa para a maioria”, diz um professor que preferiu não se identificar. Ele atuava há quatro anos na instituição e é mestre em Administração há 11 anos. “Fomos desligados por atacado por uma questão de política salarial, uma vez que temos alta graduação e somos onerosos demais”, alfineta.

Integrante da lista de demissões, o professor de Língua Portuguesa, Sérgio Simka afirma que já esperava ser desligado da instituição. “Desde que a UniABC foi adquirida pela Anhanguera já aguardávamos algum tipo de reformulação no quadro de docentes”, afirma Simka. “É comum no final do semestre ter alguma adequação de quadro, mas jamais imaginaríamos algo assim”, completa o mestre em Administração, que acredita que mais demissões serão realizadas nos próximos dias.

“Eles querem deixar o mínino possível de professores mestres e contratar o máximo possível de especialistas, que normalmente são menos preparados que os mestres ou doutores”, completa Simka. A média salarial paga pela UniABC para um mestre, segundo os dois docentes, é de R$ 35 a R$ 40 hora/aula, enquanto de um especialista cai para R$ 12 ou até R$ 19 hora/aula.

Monopólio
Após a compra da Uniban (Universidade Bandeirante de São Paulo) em setembro deste ano, a Anhanguera Educacional se tornou o segundo maior grupo de ensino superior do mundo em número de alunos, atrás apenas da americana Apollo Group, proprietária da Universidade de Phoenix. No total, são 400 mil estudantes. Só no ABC a Anhanguera já adquiriu a Faenac, em São Caetano, a Anchieta e a Uniban, em São Bernardo, a UniA e a UniABC, em Santo André.

“Só dava aula naquela instituição. Sei que na região minhas opções diminuíram, pois não vou procurar nas que integram o grupo. Além disso, a qualidade do ensino fica prejudicada, uma vez que preferem contratar profissionais com menos experiência e estudo”, lamenta o professor que preferiu não de identificar.

Posicionamento
Por nota, a Anhanguera Educacional afirma que o desligamento de profissionais do corpo docente da UniABC acontece em função do planejamento de carga horária do próximo semestre e faz parte de um movimento natural das Instituições de Ensino a cada encerramento de ciclo (semestre).

“A Anhanguera também reitera que realizou um grande ciclo de aquisições em 2011, com 12 instituições adquiridas, e que a atualização do corpo docente é necessária para adaptar os currículos das novas unidades ao padrão de qualidade dos cursos da Anhanguera. Neste ajuste, a instituição reduzirá o numero de professores temporários, mas também fará contratações de outros em regime integral”, diz a nota.
 

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