ABC - quinta-feira , 9 de maio de 2024

Médicos denunciam exploração dos planos de saúde

Médicos da região fazem uma prévia das discussões da passeata/ Foto: Carolina Neves

Médicos de todo o País irão suspender os atendimentos nesta quinta-feira (7/4) como forma de alertar a população sobre a situação dos profissionais de saúde perante aos planos de saúde e operadoras. A paralisação ocorrerá em consultórios médicos, clínicas privadas e ambulatórios hospitalares e interromperá apenas as consultas eletivas, ou seja, que não são de urgência ou emergência.

De acordo com a presidente da APM (Associação Paulista de Medicina) Regional de Santo André, Mauá, Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, Alice Lang, a ideia é evidenciar a situação caótica da saúde suplementar, na qual os planos de saúde cobram um valor muito alto da população usuária e pagam um valor irrisório aos médicos tanto para consultas médicas como para procedimentos.

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“Nós não podemos esquecer que a nossa constituição diz que a saúde é um direito do povo e um dever do Estado, no entanto, o Estado, por meio da ANS(Agência Nacional de Saúde Suplementar) afirma que cabe a eles apenas intervir na situação do usuário e plano de saúde enquanto nós prestadores de serviço ficamos a parte ”, afirma Lang. De acordo com a presidente da associação, os contratos médicos não sofrem reajustes no valor da consulta há anos.

Um estudo da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) em 1996, demonstrou que o valor do ganho do médico por paciente deveria ser em torno de R$ 29, valor que se mantém até hoje tendo planos que pagam ainda abaixo disso. “Se formos acompanhar a variação do salário mínimo e calcular os percentuais, o valor da consulta hoje estaria pelo menos em torno de R$ 70. Os pacientes cada vez pagam mais e cada vez menos coberturas têm. Já os médicos cada vez ganham menos e cada vez tem que atender com risco a qualidade. Uma vez que o médico menos ele vai fazer de tudo para compensar o mês agilizando o atendimento”, afirma o Diretor de Defesa Profissional da APM, Tomás Patrício.

Impacto no ABC

Segundo o presidente da APM Regional de São Bernardo e Diadema, Everaldo Cunha, a nível nacional apenas 20% da população é atendida pela saúde suplementar, enquanto aqui na região esse percentual é bem maior. “O ABC, apesar de todos os problemas, ainda é uma região rica quando comparada a outras regiões do Brasil. Por conta disso, a saúde suplementar aqui é maior, São Bernardo por exemplo, é 51 % da população atendida pela saúde suplementar e 49% pelo SUS (Sistema Único de Saúde)”, explica.

Os profissionais explicam que pelo menos há 21 anos o cenário vem piorando. De acordo com as regras no período de 1 hora o médico deve atender 5 consultas e ainda fazer encaixes. Deste modo o médico não tem tempo suficiente de fazer o serviço como deveria ser feito correndo o risco de falhar.

Outra situação a se tornar pública é o fato dos planos de saúde possuirem serviços próprios, nos quais contratam profissionais para trabalharem seguindo normas padronizadas. “O profissional atende e coloca o CID (código internacional de doença) correspondente ao problema do paciente e imediatamente já sai um protocolo dizendo o que ele deve receitar e o que pode ou não pedir de exame. Se o médico não quiser seguir o protocolo, ele tem que se justificar, podendo ser repreendido e ameaçado com a demissão porque está dando prejuízo para o convênio”, afirma a presidente da APM, Alice Lang.

Passeata – Profissionais de medicina do Estado de São Paulo farão uma passeata em protesto, nesta quinta-feira (7/4), Dia Mundial da Saúde, pela valorização médica. Trajados de jalecos brancos, os médicos sairão do estacionamento da Associação Paulista de Medicina do Estado de São Paulo (Rua Francisca Miquelina, 67), às 9h30, e seguirão em passeata até a Catedral da Sé. (Colaborou Carolina Neves)

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