Universo feminino ainda é mistério

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Elas são temas de músicas, filmes, livros, peças de teatro, propagandas e novelas. Assumem inúmeras funções durante a vida. São filhas, mães, esposas, donas de casa, funcionárias, empreendedoras, líderes de bairro, políticas e até presidente de países. Quebraram paradigmas, avançaram e conquistaram espaço dentro da sociedade. Mas apesar dos avanços, o universo feminino ainda é encarado como mistério. Às vésperas de seu dia especial, 8 de março, a mulher é ainda considerada um ser muito complicado de se lidar na opinião masculina.

Segundo os especialistas em comportamento, não há explicação científica que comprove o fato. Do ponto de vista genético, mulheres e homens sempre tiveram características hormonais e de comportamento diferenciados. “Quando, comparados, percebe-se cientificamente que há diferenças entre os dois, como na questão hormonal”, afirma o professor de Psiquiatria da Faculdade de Medicina do ABC, Sérgio Baldassin. De acordo com o médico, a ocorrência de quadros de depressão e síndromes ansiosas é três vezes mais comum em mulheres do que nos homens. “Talvez isso explique algumas diferenças comportamentais que são encaradas de forma equivocada como complicações femininas”, aposta.

Baldassin diz que do ponto de vista psíquico, a mulher tem capacidade de compreender questões a fundo, enquanto os homens enxergam apenas a forma, aquilo que está bem à sua frente. “Podemos dizer que essa questão de a mulher ser complicada é algo cultural. É um pré-julgamento irônico adotado no Brasil. Em países mais evoluídos, homens e mulheres são diferentes e ponto”, observa Baldassin.

Para o psicólogo Dirceu Moreira, homens e mulheres olham, ouvem e sentem o que acontece ao seu redor de formas diferentes, porém, de um jeito que se complementa. “Vivemos em uma sociedade ainda machista e camuflada, que se vale de termos pejorativos em relação às mulheres”, considera. Moreira acredita que quando os seres humanos perceberem o que diz o fundador da psicologia analítica, Carls Gustav Jung, sobre anima (alma) e animus (mente ou espírito), tomarão consciência de que homens e mulheres possuem aspectos do sexo oposto dentro de si biologicamente (por meio de hormônios e genes) e psicologicamente (por meio de sentimentos e atitudes).

Livro vira peça de teatro

Há quem garanta que é possível desvendar a complicação feminina. Caso do publicitário André Aguiar Marques, autor do livro Não existe mulher difícil. A trama, lançada em 2008 pela editora Jardim dos Livros, classifica a mulher em nove tipos: casada, cachorra, inocente, patricinha, namorada, natureba, papo cabeça, descolada e roqueira, e ganhou os palcos do teatro em um monólogo interpretado pelo ator Marcelo Serrado.

Depois de participar de um cruzeiro para solteiros e pesquisar sobre a arte da conquista em bares e baladas, Marques conta que montou perfis ensinando os homens como conquistar ou dispensar mulheres. “Toda mulher quer se sentir importante, especial e desejada. Um bom papo, depois de reconhecer cada tipo de mulher e falar a coisa certa é mais de meio caminho para o sucesso”, defende. Segundo o autor, o livro também tem a intenção de ajudar os homens a serem menos previsíveis e mais interessantes para as mulheres.

Outras informações podem ser obtidas no site www.naoexistemulherdificil.com.br.
 

O que eles pensam

“Estou solteiro porque elas são muito complicadas. Elas exageram no ciúme’’, Eliel Jeday de Souza, vendedor.

“As mulheres choram por tudo, mudam de ideia muito rápido e gostam dos cafajestes’’, Bruno Regis, repositor.

“Minha esposa é capaz de passar o dia inteiro escolhendo roupa sem comprar”, Vanderlei de Souza, porteiro.

“O ser humano é complicado. Isso não é característica exclusiva da mulher”, Urso Leitte, autônomo.
 

Obras explicam

Por que os homens amam as mulheres poderosas?, de Sherry Argov. Editora Sextante. R$ 19.

Não Existe Mulher Difícil, de André Aguiar Marques. Editora Jardim dos Livros. R$ 24,90.

Homens São De Marte; Mulheres São De Vênus, de John Gray. Editora Rocco. R$ 45.