Arte do riso se consolida na área de saúde

Kleber Brianez e Lígia Campos formam a Operação de Riso e percorrem hospitais do ABC/Foto: Marciel Peres

Ao contrário do que alguns imaginam, a frase ‘quem ri seus males espanta’ não faz parte apenas do conto popular. Voluntários, alunos e atores que visitam pacientes em hospitais fantasiados de palhaços – técnica intitulada clown – ajudam cada vez mais crianças e adultos a aceitarem a rotina de exames e remédios e, até, a acelerar a recuperação. Os benefícios do riso já estão comprovados cientificamente. Uma simples risada ajuda a aliviar o estresse e a relaxar os músculos. No ambiente hospitalar, melhora a aderência ao tratamento pelo paciente a família.

Segundo o médico Jairo Cartum, professor e coordenador do Ambulatório de Oncologia Pediátrica da Faculdade de Medicina do ABC, os clowns trabalham de forma complementar ao tratamento convencional. Segundo o médico, os palhaços atuam com o lado lúdico ao interagir com as crianças, o que faz com que elas aceitam de maneira mais fácil o tratamento. “O paciente feliz reage melhor ao tratamento e não se entrega tão fácil à doença”, destaca Cartum.

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Grupos que visitam hospitais estão espalhados por todo País. Um deles é o dos atores que compõem a trupe Operação de Riso, de São Caetano. Kleber Brianez e Lígia Campos são conhecidos no complexo hospitalar Maria e Márcia Braido como doutor Nerdólino Wasowsky e doutora Pafúncia Maionese. Especializados em besteirologia – termo utilizado para o trabalho desenvolvido pela dupla -, têm o apoio da APAP (Associação de Pais, Alunos e Professores da Fundação das Artes de São Caetano) e Fumusa (Fundação Municipal de Saúde).

Em Mauá, a Associação Dose de Riso é formada por voluntários e o auge do trabalho, chega a reunir 200 integrantes. Atualmente com 30 participantes, visitam o Hospital de Clínicas Doutor Radamés Nardini. “Muitos amigos que começaram comigo desistiram e hoje não participam mais”, lamenta Wellington Aparecido Sales, que realiza a ação há nove anos.

A atividade também envolve alunos da Faculdade de Medicina do ABC matriculados entre o segundo e o quarto semestres, que integram o grupo Sorrir é Viver. Inspirados nos métodos e filosofia dos Doutores da Alegria e de Hunter Patch Adams (médico norte-americano famoso pela metodologia inusitada no tratamento a enfermos e uma das inspirações para o filme Patch Adams, estrelado por Robin Williams), o grupo visita os complexos existentes dentro da faculdade e unidades filiadas, como o Hospital Estadual Mário Covas, em Santo André.

Voluntários abordam crianças e adultos durante visitas

Visitar pacientes nem sempre é um trabalho fácil. Para Wellington Aparecido Sales, da Associação Dose de Riso, o segredo é abordar as crianças como se não existisse problema. Sales conta que nunca teve recusas durante suas visitas. Já Kleber Brianez e Lígia Campos, da Operação de Riso, afirmam que isso ocorre com frequência. “Existe uma certa rotina no hospital: horário para realizar exames e tomar remédios. A única coisa que eles podem recusar é o palhaço. Encaramos isso com naturalidade”, conta Kleber.

Os pequenos pacientes não são os únicos a sorrir, dizem os voluntários do riso. Enfermeiros, médicos e funcionários em geral também participam da interação, que torna o ambiente de trabalho mais agradável.

Expansão

Expandir as ações e o número de voluntários são objetivos de quem realiza o trabalho de clown. Recentemente, o grupo Operação de Riso foi selecionado pelo governo federal e ganhou o prêmio Cultura e Saúde pela segunda vez consecutiva, no valor de R$ 20 mil. Com a verba ainda a receber, pretendem expandir para as UBSs (Unidade Básica de Saúde) de São Caetano e promover cursos de palhaço e oficina de sensibilização.

A Associação Dose de Riso fará a formação de novos voluntários neste sábado (12/02). Os interessados devem comparecer ao Hospital de Clínicas Doutor Radamés Nardini, em Mauá, a partir das 8h30. (Colaborou Larissa Marçal)

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