Piscinões viraram esgotos a céu aberto

Reservatório na vila Vivaldi, recém-construído, sofre falta de manutenção (Foto: Pedro Diogo)

A construção de piscinões é o tipo de obra que deveria evitar dores de cabeça para moradores que, antes, sofriam com as enchentes. Concluídos, esses gigantescos reservatórios de água de fato contribuíram para acabar ou reduzir a intensidade dos alagamentos na região, mas trouxeram outros problemas para quem reside nas proximidades. A falta de manutenção e limpeza transformou alguns deles em verdadeiros esgotos a céu aberto.

No piscinão localizado na esquina da avenida Lauro Gomes com a rua Grã-Bretanha, em Santo André, por exemplo, as bordas do terreno têm muito acúmulo de lixo, como garrafas PET, latinhas e caixas de papelão. A água que fica represada no fundo do reservatório é potencial criadouro do mosquito da dengue, o Aedes aegypti. O forte odor também é outro fator que piora a situação. Aberto e sem nenhum tipo de isolamento, o piscinão possibilita qualquer um entrar e despejar lixo.

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Próximo ao local, no quarteirão que fica entre as ruas Afonsina e Abraão Saloti, na vila Vivaldi, já em São Bernardo, outro piscinão se encontra nas mesmas condições. Uma grande camada de lixo se concentra na superfície da água que, a princípio, deveria ser limpa, tendo em vista que o local armazena água de chuva.

O aposentado Antônio Camilo de Lellis, de 70 anos, reclama do mau cheiro que vem do reservatório o dia inteiro. “Agora que começa a chegar mais perto do Verão, a água evapora mais rápido e o cheiro fica insuportável”, diz Lellis. A situação é tão precária que, da beira do reservatório, é possível observar a água borbulhando por conta da sujeira.

A dona de casa Edna Lima Sichtti, outra moradora da região, conta que depois que as obras foram concluídas, em novembro do ano passado, começaram a surgir fendas nas paredes da casa. “Vários fiscais já vieram até aqui para fazer avaliação e eles dizem que nós precisamos contratar peritos para fazer laudos técnicos que comprovem o motivo das rachaduras. Nós não temos condição para isso”, lamenta Edna.

Explicações

O Semasa (Serviço Municipal de Saneamento Ambiental de Santo André) informou por meio de nota que o entorno do piscinão Grã-Bretanha (como é conhecido) é cadastrado na autarquia para coleta de resíduos depositados irregularmente. Ainda segundo a assessoria, a última intervenção foi feita no dia 4 de setembro e uma nova coleta já está programada para ser realizada até o fim do mês.

Contatado pela reportagem, o DAEE (Departamento de Águas e Energia Elétrica), órgão do governo do Estado informou que “a responsabilidade da limpeza dos piscinões é municipal. No entanto, desde 2011, o Governo do Estado, por meio do DAEE, vem auxiliando municípios da RMSP (Região Metropilitana de São Paulo) com dificuldades de orçamento, na manutenção de 25 piscinões. O contrato atual, iniciado em dezembro de 2014, no valor de R$ 45,4 milhões, prevê a remoção de 285.000 m³ de assoreamento, capinação e operação.

Em relação ao piscinão próximo à Faculdade de Medicina do ABC, em Santo André, a mesma nota diz que “em janeiro de 2015 foi realizado o desassoreamento e a capinagem do piscinão. Está previsto até o final de 2015 uma nova limpeza do reservatório”. O DAEE reiterou que “mesmo seguindo um cronograma, costuma fazer vistorias nos piscinões para resolver problemas pontuais”.

Até o fechamento da edição, a Prefeitura de São Bernardo não havia dado retorno sobre o piscinão da rua Afonsina.

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