“Não permitirei especulação imobiliária”, diz Luiz Marinho

Em entrevista exclusiva ao RD, Marinho falou sobre os avanços e desafios da gestão. Foto: Évora Meira

Às vésperas de comemorar os 461 anos de São Bernardo, o prefeito Luiz Marinho é taxativo ao avisar que não permitirá especulação imobiliária no município. “O que eu posso garantir é que o local que sai uma empresa não terá espaço para especulação ou investimento imobiliário. Eu não permitirei. Aviso aos navegantes não há qualquer possibilidade de espaço de indústria virar empreendimento habitacional”, diz o petista durante entrevista exclusiva ao RD. O recado de Marinho é para os empresários da construção civil que o buscam.  Ao receber a reportagem em seu gabinete, o petista conversou durante 40 minutos sobre vários temas como mobilidade urbana, economia e política. Acompanhe a íntegra da conversa, também disponível no RDtv.

Repórter Diário: Como está o cronograma de festejos?

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Luiz Marinho: Sem dúvida o programa De bem com a vida merece destaque, porque promove várias ações. Teremos a Meia Maratona que tem uma participação intensa. Eu participo andando 5 km. Nós temos relatos de ganhos importantes na saúde das pessoas nas caminhadas do programa. Teremos a missa, o tradicional desfile cívico e não teremos show por conta das obras no Paço.

RD: Mobilidade é a principal marca?

Marinho: Nós pensamos a cidade lá em 2008 para 20 anos. Nós pensamos a cidade a curto, médio e longo prazo sobre todos os aspectos. É preciso pensar como preservar o parque industrial e trazer outras iniciativas privadas e agregar valor. Do ponto de vista de obras públicas planejamos com a necessidade de acabar com as enchentes, nos locais de forte intensidade, vamos resolver que é o Rudge Ramos, Demarchi e o Centro. A obra de drenagem é gigantesca. Mobilidade seguramente nós teremos várias intervenções até o final do ano com a implantação dos corredores de ônibus (total de 12), além da linha 18-bronze do Metrô.

RD: Como está o cronograma do monotrilho?

Marinho: A empresa esteve comigo para organizar o cronograma de intervenção. Eles estão planilhando as contratações, fornecedores e o conjunto de ações do projeto executivo. A expectativa é iniciar no final deste ano. Como o traçado implica em poucas desapropriações isso vai ajudar. Tem uma tarefa adicional que o governo do Estado deve coordenar e até agora foi zero de debate que é a integração tarifária.

RD: Na mobilidade, como está a execução do repasse anunciado pela Dilma em 2013?

Marinho: Estamos entrando com projetos na Caixa Econômica Federal. A presidente anunciou e agora é a parte burocrática e temos um processo a seguir para a liberação do dinheiro. Tem gente que pensa que é simplesmente pegar uma massa de pastel, esquentar o óleo e jogar o pastel que está pronto. Não é assim. É detalhado, complexo. O otimismo nosso é que são intervenções que vão mudar a qualidade de vida das pessoas.

RD: O senhor se mostrava contra a faixa exclusiva de ônibus. A iniciativa na avenida Dr. Rudge Ramos é pontual?

Marinho: A faixa exclusiva não cabe em São Bernardo na sua totalidade. Pensar uma faixa na Samuel Aizemberg, por exemplo, não dá. São intervenções pontuais como é o caso do Rudge Ramos. Nós implantamos no período de pico. É um processo de disciplina que é complicado no início. Pontualmente podemos fazer em outros locais.

RD: O Projeto Drenar é a maior obra do seu governo?

Marinho: É uma obra que tinha preocupação de muita gente. A interferência não é notada na dimensão que as pessoas achavam que ia acontecer, sem grande impacto. Não dá para zerar, mas ele foi planejado no detalhe para ser minimizado. Tem a questão da sustentabilidade com a utilização de água de reuso, além de orientarmos a empresa para que os caminhões não circulassem espalhando sujeira pela cidade.

RD: Na economia, a cidade senhor registrou queda na arrecadação, como outros municípios?

Marinho: Esse ano teve queda de ICMS importante, especialmente em cidades com parque industrial muito forte como São Bernardo. Uma queda em decorrência do ano eleitoral, devido a uma pregação pessimista de parte da imprensa numa oposição vergonhosa para derrotá-la de qualquer jeito. O que se observa é uma economia que vem reagindo com maestria a toda crise internacional. O Brasil não provoca crise, mas é vítima das crises internacionais. Se você observar os indicadores, você vai ver que temos consistência e consolidação. A economia brasileira depende do governo, mas não é só do governo, depende dos empresários, da dona de casa e de muitos outros atores.

RD: No caso das montadoras, quem é o culpado: governo ou empresários?

Marinho: É o processo do capitalismo. Quando tem crise ela existe para ser superada. O Brasil está preparado para superá-la. A indústria está preparada. É preciso que o empresariado não fique assustado como as matrizes ficaram em 2009 no estrangeiro. As marcas reduziram produção por orientação das matrizes. Eu me lembro que eu disse que se agissem dessa maneira eles iam fazer a crise chegar aqui. É preciso diferenciar o panorama brasileiro do restante do mundo. A crise também é de sentimento. Se criar um sentimento de que o Brasil vai entrar em crise, ele entra. É uma decisão desde a dona de casa até o presidente das principais companhias. A nossa economia está fadada ao sucesso.

RD: É possível atrair novas empresas? Como o senhor lida com as perdas e ganhos no setor?

Marinho: No caso da Rolls Royce foi pontual. Ela fazia manutenção, mas não enxergou o momento de diversificar o leque de produtos. Ela tem competência, parque industrial e mão de obra, mas não enxergou o momento. Nós trabalhamos alternativas de investimento naquela unidade para trabalhar o setor de defesa. O que eu posso garantir é que o local que sai uma empresa não terá espaço para especulação ou investimento imobiliário. Eu não permitirei. Aviso aos navegantes não há qualquer possibilidade de espaço de indústria virar empreendimento habitacional.

RD: Quando teremos detalhes do aeroporto?

Marinho: Estou dependendo da agenda do ministro. Consórcio de empresas que está trabalha nisso vai apresentar detalhes. O ministro comeu bola nesse processo porque já era para ele ter ciência da iniciativa. São Bernardo não concorre com Caieiras. Lá é um projeto menor. O nosso é para ser o próximo aeroporto metropolitano. Pode começar só com o transporte de cargas e depois transformar-se em aeroporto comercial.

RD: Como está o cronograma para implantação da faculdade de Medicina?

Marinho: Nós temos dois projetos. Um é a Faculdade das Américas, projeto que tramitava no MEC antes do edital do Mais Médicos. O MEC autorizou e nós conseguimos atrair a faculdade para fazer o investimento aqui e implantar o curso. O outro é do edital do Mais Médicos, que São Bernardo está selecionada.

RD: Qual a avaliação da campanha eleitoral até agora?

Marinho: Positiva e vitoriosa. Nós estamos trabalhando ao máximo. Levantando de madrugada e dormindo tarde. Mas sempre respeitando ao máximo a legislação vigente. Tem gente que confunde e diz que eu estou extrapolando. Eu não deixo nenhuma demanda da cidade pendente por ser militante e fazer campanha. Não há qualquer prejuízo para a cidade. O prefeito coordena o processo da gestão por telefone, email e tem uma equipe competente.

RD: Candidatos têm relatado dificuldade em conseguir investidores na campanha.

Marinho: Recursos financeiros serão menores para as campanhas, graças a Deus. É preciso repensar quanto custa o marketing, a televisão e a organização partidária. É preciso uma reforma política urgente. Torço para que as dificuldades dessa campanha façam uma reforma política. Penso que seria necessário um plebiscito para ouvirmos o que as pessoas pensam.

RD: O senhor acha que a eleição de 2014 vai interferir em 2016?

Marinho: Cada eleição é uma eleição. É preciso separar as coisas. O resultado da eleição deste ano pode interferir ou não. Para prefeito as pessoas olham muito a relação das lideranças que estão colocadas.

RD: O senhor já foi procurado pelos prefeitos para permanecer no comando do Consórcio?

Marinho: Eu pessoalmente nunca reivindiquei para assumir. Eles me procuraram para eu seguir no próximo ano. Para isso tem uma restrição que é o estatuto. Se os prefeitos tomam essa decisão e pedem para que eu continue, eu continuarei, mas não tomarei a iniciativa. Por mim eu gostaria de reduzir as tarefas e me dedicar mais em outras tarefas. Vai depender muito do que pensam os outros prefeitos.

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