Câmara aprova urgência sobre aumento de salários

Em uma sessão tumultuada com troca de acusações e recuos por parte dos principais partidos governistas e de oposição, o plenário da Câmara aprovou o regime de urgência para a votação do projeto que aumenta os salários dos parlamentares. O projeto será votado hoje mesmo em sessão mais tarde. O placar registrou 355 votos a favor da urgência, 85 votos contrários e 7 abstenções. O presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (PT-SP), estava ausente. Ele viajou a São Paulo para encontrar o Papa Bento XVI.

A expectativa de vários deputados era que a votação fosse simbólica, sem a necessidade de registrar os seus votos nominalmente no painel eletrônico, mas o líder do PSOL, deputado Chico Alencar (RJ), exigiu o voto nominal como determina o regimento nesse caso. “Aumentar os próprios salários não é uma questão urgente. É bom, em nome da transparência, cumprir o regimento”, afirmou. O pedido de urgência foi assinado por partidos governistas, mas, no momento da votação, os partidos de oposição encaminharam o voto contrário.

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Líderes governistas e deputados acusaram o PSDB e o DEM de estarem fazendo “demagogia”, porque defendiam o aumento salarial, mas não queriam se expor publicamente. Ao ver a posição dos oposicionistas, o deputado José Genoino (PT-SP), imediatamente disse que o PT também ficaria contra a urgência. “Essa votação não pode ser objeto de disputa política entre governo e oposição, portanto, o PT vai votar contra a urgência”, discursou.

O líder do PT, Luiz Sérgio (RJ), reafirmou a posição defendida por Genoino e atacou o PSDB e o DEM. “O desgaste da Casa se deve a posturas demagógicas a que estamos assistindo em que o PSDB e o DEM querem colocar nas costas de outros partidos o que os deputados de suas bancadas também querem. Não vamos entrar nesse jogo rasteiro. O PT defende o reajuste, mas não pode aceitar o jogo da demagogia”, discursou o líder petista, afirmando que havia um acordo dos líderes a favor da votação.

“Que acordo é esse? Eu não assinei urgência. Eu disse que o PSDB não se oporia ao aumento, mas não havia compromisso em assinar urgência”, disse o líder do PSDB, Antonio Carlos Pannunzio (SP), a jornalistas ao entrar no plenário. O deputado Ciro Gomes (PSB-CE) também participou da discussão acusando os grandes partidos de fazerem teatro. “Se acha que não é decente, que denuncie a indecência. Esses são gestos teatrais”, disse, ressaltando ser “incompreensível” a posição do PSDB, do DEM e do PT.

O tumulto já estava formado. O presidente da sessão, segundo vice-presidente, Inocêncio Oliveira (PR-PE), a favor do aumento, atropelou os partidos, não dando a palavra a líderes, e disse que a votação aconteceria hoje mesmo. Ele fez questão de deixar a presidência temporariamente para poder votar a favor. “Votei sim, porque é de absoluta necessidade”, afirmou, já de volta à presidência dos trabalhos. Depois de muito bate-boca, os partidos recuaram. Pannunzio liberou a bancada para votar como achasse melhor e o PT também recuou.

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