Lula adverte ministros para manterem a paz

Com quase metade das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) atrasadas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou uma viagem de inauguração a Santa Catarina para dar um duro recado aos ministros que divergem sobre a velocidade necessária na liberação das licenças ambientais exigidas para dar início a construção das obras do setor elétrico.

“Não tem briga entre ministros. Não pode ter briga entre ministros. No dia em que tiver, mando os dois embora e assumo a responsabilidade”, avisou Lula, justificando que “o que existe são divergências, que são resolvidas com discussões”. Dois ministros que estão no centro da polêmica o das Minas e Energia, Silas Rondeau, e da Casa Civil, Dilma Rousseff, acompanhavam o presidente Lula na viagem. Eles criticam a demora na concessão, pelo Ibama, do licenciamento. O Ibama é subordinado à ministra do meio Ambiente, Marina Silva.

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“O que existe são divergências entre organismos, que temos de respeitar e que devem ser discutidas até chegar a um consenso, que atenda aos interesses de todos”, avisou o presidente ao assegurar que “está tranqüilo” porque o governo está empenhado em resolver a questão das hidrelétricas. “Pode durar um mês a mais ou a menos, mas estou convencido e depois podem me cobrar, que nós não deixaremos faltar energia neste país em 2011, 2012, ou 2013 porque nós vamos construir o que precisar ser construído”, assegurou Lula.

Depois, em entrevista, ao ser lembrado que a obras das hidrelétricas são as mais atrasadas do PAC, o presidente reconheceu que “as hidrelétricas são sempre um problema no País”. Mas avisou que “o Brasil tem um patrimônio hídrico do qual não podemos prescindir”. Em seguida, comentou que seria “um contra-senso” o país ter de voltar a investir em energia nuclear, ou na produzida por carvão, biomassa ou eólica.

“Energia nuclear é uma alternativa importante, mas temos o maior patrimônio hídrico para fazer hidrelétricas”, comentou ele, na cerimônia de inauguração do prédio do Centro Operacional e Administrativo dos Correios, em Florianópolis, que já funcionava no local há pelo menos dois meses. Por causa do mau tempo, Lula cancelou a inauguração da Usina Hidrelétrica de Campos Novos, no mesmo estado.

Na cidade de São José, Lula agradeceu à Câmara por ter aprovado as medidas encaminhadas sobre o PAC e disse “estar certo” que, mesmo que haja discursos contrários no Senado, ele será aprovado, principalmente porque eles têm “responsabilidade” e sabem que estão chegando ao Congresso outros PACs: da educação, da área social e da segurança pública. Na entrevista, ao ser questionado se não temia ser acusado de estar pautando o Congresso, respondeu: “não é o governo pautando o Congresso; é o governo pautando as necessidades do Brasil”.

Depois de assegurar que a cada 15 dias vai cobrar dos ministros o andamento do PAC, que a cada quatro meses a popular vai saber dos resultados e que vai andar pelo Brasil inaugurando obras, Lula salientou que “é o PAC que está na agenda do presidente e vou cumpri-la à risca”. Lula elogiou os ministros da Casa Civil, Dilma Rousseff, da Fazenda, Guido Mantega, e do Planejamento, Paulo Bernardo, pelo “trabalho que vêm desempenhando no acompanhamento PAC. Lula afirmou que deseja que todos conheçam o PAC e brincou: “só não vou entregar para o Papa porque ele não tem obrigação de saber o que é o PAC”.

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